O Brasil bateu os 37 GW de potência instalada em geração distribuída (GD). A Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) projeta um crescimento de 20% de potência instalado de GD em 2025, o que representa mais de R$ 25 bilhões em investimentos privados e a geração de mais de 100 mil novos empregos.
A maior parte da potência instalada da GD está concentrada em residências (18,18 GW), seguida por estabelecimentos comerciais (10,63 GW), instalações rurais (5,09 GW), indústrias (2,67 GW) e instituições do poder público (0,41 GW). No ranking estadual, São Paulo lidera com 5,33 GW, seguido por Minas Gerais (4,63 GW), Paraná (3,30 GW), Rio Grande do Sul (3,29 GW) e Mato Grosso (2,39 GW).
O crescimento da GD, no entanto, tem sido acompanhado por debates sobre sua integração ao sistema elétrico. Há alegações sobre o impacto na operação do Sistema Interligado Nacional (SIN), especialmente em relação ao curtailment – cortes de geração devido a limitações na infraestrutura de transmissão.
A ABGD destaca que a GD opera de forma descentralizada e alinhada à demanda dos consumidores, não dependendo das redes de transmissão para entregar energia.
“A GD é a única forma de geração que nasce atrelada à demanda real do consumidor final, ajudando a mitigar problemas no sistema elétrico. O verdadeiro motivo dos cortes de geração no Brasil é a falta de planejamento e a limitação estrutural das redes de transmissão, problemas que não têm qualquer relação com a geração distribuída”, afirma Carlos Evangelista, presidente da ABGD. Ele ressalta que atribuir custos do curtailment à GD mascara desafios estratégicos enfrentados pela geração centralizada. “A GD não depende da rede de transmissão para transportar a energia que produz. Pelo contrário, uma das principais virtudes da GD é justamente gerar eletricidade próxima ao consumo, reduzindo a necessidade de investimentos em infraestrutura de transmissão e aliviando o sistema elétrico. A GD também melhora a eficiência da rede, diminuindo perdas e reforçando a qualidade do fornecimento”, diz Evangelista.
ONS defende maior controle do despacho de geração distribuída
O último Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do SIN (PAR/PEL) divulgado pelo Operador Nacional do Sistema indica que, até 2029, a GD capacidade deverá atingir cerca de 50 GW, tornando-se a segunda maior fonte de geração de energia elétrica no país, atrás apenas da hidrelétrica.
Considerando a micro e minigeração distribuída e as usinas Tipo III — comumente instaladas junto à carga e conectadas à rede de distribuição, que totalizam 19,8 GW — há um montante de 53 GW, que representa 22% da capacidade instalada no Brasil, que não são supervisionados em tempo real e tampouco podem ser controlada pelo ONS.
A rede de distribuição pode passar a injetar energia na rede de transmissão em algumas áreas, em uma “inversão de fluxo” em maior escala. “Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Piauí ganham destaque como aqueles que apresentaram o maior número de subestações com possibilidade de operarem com o fluxo de potência ativa no sentido das redes de distribuição para o sistema de transmissão”, diz o PAR/PEL.
Por esse motivo, o ONS defende que os operadores dos sistemas de distribuição, ou seja, as concessionárias de distribuição de energia, assumam uma função estratégica com mais controle sobre esses recursos energéticos distribuídos e maior integração com a operação da rede de transmissão. O Operador também reforça a necessidade de aumentar os investimentos em equipamentos de controle dinâmico da tensão, como compensadores síncronos.
Segundo o ONS, com o crescimento previsto para a GD nos próximos anos, em 2029 pode ser necessário cortar até 40 GW de geração solar centralizada e eólica durante os horários do dia em que os sistemas estiverem gerando. O ONS estima uma geração da MMGD da ordem de 18,35 GW em 2024, considerando o horário de meio-dia, enquanto a previsão dessa geração para 2029 é de aproximadamente 37 GW.
Diante desse cenário, grandes geradores têm sugerido que a geração distribuída também compartilhe dos cortes de geração. Novos projetos de GD vem recebendo das concessionárias a indicação de injeção de energia na rede durante a noite. Isso poderia criar oportunidades para a implementação de baterias, mas a alta carga tributária e a falta de clareza sobre a remuneração de serviços prestados mantêm a tecnologia cara.
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