Em seu novo Estudo Estratégico sobre Armazenamento de Energia, a Greener apresentou um mapa de atratividade para clientes de alta tensão tanto no mercado livre quanto no mercado regulado e identificou 10 distribuidoras de energia com maior potencial de redução de consumo no horário de ponta. O levantamento mostra que o Pará é o estado mais atrativo para aplicação de armazenamento por baterias, já que a Equatorial Pará é a distribuidora com maior potencial para o armazenamento com o maior delta tarifário do país de R$ 1.743,56 por MWh.
Entre os perfis de consumidores avaliados no estudo, a consultoria identificou que o agronegócio é o segmento mais promissor para adoção de geração fotovoltaica com baterias pelo potencial de descarbonização e economia.
Enquanto a confiabilidade do suprimento de energia é o principal fator de motivação para os setores de maneira geral adotarem as baterias, a redução de custos com a substituição de geradores a diesel é um motivador importante para o agronegócio. Embora o público deste setor seja conservador, esta é uma das principais oportunidades para a expansão da fonte solar com armazenamento, mas ainda é necessário educar o setor agro sobre a confiabilidade das tecnologias e o potencial de redução de custos.
Nas fronteiras agrícolas, a energia é um gargalo. A irrigação por pivô central é uma solução eficiente para garantir a produção agrícola diante da variabilidade climática, porém o acesso à energia para suprir a irrigação é um desafio. O Extremo Oeste Baiano, por exemplo, lidera o ranking de pivôs de irrigação em 2024, registrando um crescimento de 43% nos últimos dois anos e, ao mesmo tempo, enfrenta limitações de potência elétrica, tornando o armazenamento uma alternativa viável ao diesel.
De acordo com o CEO da Greener, Marcio Takata, “a baixa disponibilidade de potência elétrica (no máximo 3 MW) para novas conexões e ampliações nas subestações limitam a expansão da irrigação. É preciso educar o setor agrícola para compreender a eficiência da energia solar como alternativa ao diesel e pela viabilidade econômica”, explica. “É importante desenvolver conhecimento para que se possa agregar outros benefícios para o cliente, para que a percepção de valor seja atrativa. Então, a combinação de benefícios faz com que a gente amplie o mercado. A evolução dos modelos de negócios é necessária para que a percepção de valor seja adequada, e possamos buscar mercados maiores.”
Vantagens da adoção de sistemas de armazenamento de energia por baterias
O armazenamento de energia por bateria (BESS) está se consolidando como parte fundamental para a transição energética global. Com o avanço das fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica, surge a necessidade urgente de soluções que garantam estabilidade, flexibilidade e eficiência na matriz elétrica. Essas fontes já representam 34% da matriz elétrica do país e intensificam as curvas de carga que se alternam entre picos e vales ao longo do dia, trazendo desafios para balancear a oferta e a demanda do setor elétrico. A expectativa, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), apresentados no mais novo estudo, é que essas fontes devem alcançar 40% da matriz até 2027.
O BESS é fundamental para equilibrar a oferta e demanda de energia, especialmente em sistemas com alta penetração de renováveis. Globalmente, espera-se que a capacidade instalada de armazenamento atinja 759 GW até 2030, impulsionada por incentivos governamentais em países líderes como China, EUA, Alemanha, Austrália e Reino Unido.
O Brasil possui 685 MWh de armazenamento instalado, com 70% destinados a sistemas isolados. Aplicações para o setor comercial e industrial (C&I) representam 10% do volume, com destaque para redução de consumo no horário ponta e confiabilidade energética. A curva do pato, fenômeno gerado pela alta penetração solar, reforça a necessidade do BESS para otimizar o uso da energia solar durante o dia e atender a demanda noturna.
De 2018 até o ano de 2024 foram cadastradas aproximadamente 62 mil unidades consumidoras em Sistemas Isolados e com Fontes Intermitentes (SIGFI). Os estados com o maior número desses sistemas são Pará, com 70,7%, e Acre, com 10,2% das unidades consumidoras cadastradas.
Para os sistemas isolados de pequeno porte, existem programas de universalização do acesso à energia elétrica, como o Programa Mais Luz para Amazônia (MLA), lançado em 2020, atingiu menos de 5% da meta. Em resposta, o governo unificou o MLA ao Luz para Todos, estendendo o prazo para garantir acesso à eletricidade até 2028. O objetivo é de alcançar quase um milhão de pessoas sem acesso à energia. Ou seja, mais de 226 mil unidades consumidoras até 2028.
Já para os sistemas isolados de grande porte, há o leilão de suprimento em 2025, programado para maio. A contratação será de 49,7 MW de potência, com investimentos em R$ 452 milhões, e atenderá 169 mil pessoas no Amazonas e Pará. Os contratos terão duração de 15 anos.
Projeções de crescimento e oportunidades
O mercado automotivo tem impulsionado a redução nos preços das baterias, que representam 69% do custo total do BESS. O conversor (PCS) corresponde a 20% do custo. A carga tributária, que pode atingir 79%, é um desafio a ser superado para aumentar a competitividade do armazenamento no país.
A projeção para 2030 é otimista, com o mercado brasileiro se consolidando como um dos principais na América Latina. Programas governamentais como o Luz para Todos e o leilão de suprimento previsto para 2025 devem impulsionar a adoção de BESS, especialmente em sistemas isolados e fronteiras agrícolas.
O estudo estratégico da Greener revela que o armazenamento de energia por bateria será essencial para garantir a confiabilidade, flexibilidade e eficiência do sistema elétrico brasileiro. Superar desafios regulatórios, reduzir custos e expandir o conhecimento sobre o BESS são passos fundamentais para transformar o mercado nacional em um modelo de sustentabilidade e inovação até 2030.
O Estudo Estratégico de Armazenamento 2025 pode ser adquirido por meio deste link.
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