Geração solar crescerá 22% ao ano no Brasil até 2027, diz Agência Internacional de Energia

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A demanda por eletricidade no Brasil cresceu 6% em 2024 em meio ao crescimento econômico robusto e às altas temperaturas do verão. Um novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) projeta que a demanda por eletricidade deve crescer em torno de 3,7% ao ano de 2025 a 2027. A projeção considera que o programa Luz Para Todos, que visa combater a pobreza energética em áreas rurais e da Amazônia Legal, fornecendo acesso a eletricidade, deve dar suporte ao aumento do consumo residencial, com meta de atender às 318.000 famílias que ainda estão sem eletricidade nos próximos anos.

Do lado da oferta, a partir de 2024, o mercado de eletricidade do Brasil é marcado por taxas de crescimento substanciais em energia renovável, particularmente solar e eólica, enquanto as fontes de combustíveis fósseis continuam seu declínio constante.

A geração de energia eólica cresceu 13% em 2024, e a previsão é de que aumente a uma taxa média de cerca de 8% ao ano até 2027. A energia solar fotovoltaica aumentou na taxa mais rápida de todas as fontes, 46% em 2024, e esperamos uma taxa média de crescimento anual de 22% de 2025 a 2027. Apesar de um declínio de 2,8% em 2024, a geração de energia hidrelétrica continua sendo a maior fonte de energia. Em 2025, a IEA projeta que a energia hidrelétrica retornará aos níveis de 2022, embora um ligeiro aumento seja projetado para o restante do período de previsão.

Essas tendências ressaltam a mudança acelerada do Brasil em direção a fontes de energia renováveis, cuja participação no total de eletricidade gerada será, dependendo das condições hidrológicas, de cerca de 90% até 2027, em comparação com 88% em 2024 e 78% em 2017. Como resultado, a intensidade de emissão cairá em média 13% ao ano durante o período de 2025-2027.

Desafios locais também são globais: cortes de geração e seca histórica

Com o rápido crescimento da geração renovável variável levou a cortes de geração frequentes no Brasil e, para resolver o problema, o país realizou dois leilões de transmissão (001/2024 e 002/2024) com três lotes totalizando 7.250 km em linhas de transmissão, 19.200 megavolt-amperes (MVA) em capacidade de transformação para subestações e investimentos de US$ 4 bilhões. Além disso, estão em andamento as discussões na Consulta Pública 45/2019 para aprimorar as regras que regem a priorização do corte de geração pelo operador do sistema, visando mitigar os impactos técnicos e econômicos sobre os geradores e consumidores de energia elétrica.

O relatório da IEA também destaca que 2024 registrou grandes cortes de fornecimento energia em regiões do mundo em meio a problemas climáticos, de combustível e de rede, como nos EUA, Equador e Australia. As interrupções de fornecimento de energia em larga escala afligiram uma ampla faixa de países e regiões, destacando a necessidade de aumentar a resiliência contra o crescente impacto climático nos sistemas de energia.

No Brasil, São Paulo sofreu um apagão em 11 de outubro, onde cerca de 2,6 milhões de clientes ficaram sem energia devido a um pico de tempestade de 30 minutos. A tempestade danificou 17 linhas de alta tensão, juntamente com 11 subestações.

Além disso, espera-se que condições climáticas extremas continuem sendo um fator-chave de riscos de adequação em muitas regiões do mundo. Avaliações recentes de adequação de recursos estudando o próximo inverno e três ou quatro anos à frente mostram condições de adequação apertadas em várias regiões. No curto prazo, semelhante a eventos recentes, esses riscos estão principalmente relacionados ao aumento da demanda devido a períodos de frio ou ondas de calor, que podem coincidir com interrupções de recursos, baixa geração renovável e problemas com a disponibilidade de fornecimento de combustível. Esses fatores também são combinados com impactos potenciais de aposentadorias de geradores em alguns países.

O Brasil enfrentou a pior seca de sua história em 2024 e, embora tenha sido severa para os padrões históricos, não foi tão forte nas bacias hidrológicas mais importantes do Sistema Interligado Nacional (SIN). À medida que os reservatórios hidrelétricos atingiram níveis baixos, o país dependeu de usinas termelétricas, o que levou a Aneel a acionar a tarifa adicional (tarifa bandeira vermelha, nível 1), resultando em uma cobrança de US$ 0,75 para cada 100 kWh.

O mais recente estudo de adequação de recursos do Brasil, dentro do Plano Decenal de Expansão de Energia, publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME), identificou a necessidade de capacidade adicional até 2027.
Os requisitos de energia e potência mostram sazonalidade acentuada, atingindo o pico na estação seca e crescendo de forma constante ao longo da década. O estudo indica um alto risco de um déficit de energia de 5,5 GW até o terceiro trimestre de 2028, com déficit de 1,5 GW surgindo já em setembro de 2027, no final da estação seca, em um cenário de seca severa e produção hidrelétrica particularmente baixa. Em termos de necessidades de energia, capacidade adicional será necessária até o final de 2028, destacando a necessidade de esforços de expansão para garantir a adequação.

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