A Aggreko está adotando estratégias para incorporar mais fontes de energia renováveis e armazenamento de bateria em seus projetos no Brasil. A companhia, que tradicionalmente constrói e opera usinas térmicas, está apostando na transição energética dos sistemas isolados na região Norte do país — tanto aqueles que ela já opera quanto nos que serão ofertados no leilão de atendimento aos sistemas isolados marcado para maio. Além disso, planeja participar dos dois leilões de reserva de capacidade previstos para este ano — estudando inclusive a hibridização de térmicas a gás com armazenamento em baterias. Na solar, a companhia está investindo em usinas de geração compartilhada distribuída.
Hibridização dos sistemas isolados e a busca por fornecedores
Atualmente, a Aggreko opera 26 sistemas isolados com geração térmica na região Norte. Segundo o líder de Desenvolvimento de Negócios Complexos e Projetos Híbridos da Aggreko, Cristiano Saito, a companhia submeteu projetos de hibridização de algumas dessas usinas à chamada pública aberta pelo MME, conforme o edital aprovado pelo Comitê Gestor do Pró-Amazônia Legal (CGPAL), que disponibilizará R$ 372 milhões em investimentos para reduzir o custo de geração nessas localidades, elevado pelo consumo de combustíveis.
E pretende concorrer aos três lotes que o leilão atendimento aos sistemas isolados irá ofertar. A concorrência contratará energia para suprir 169 mil em 11 localidades, das quais dez estão no Amazonas e uma, no Pará.
Tanto para os sistemas que já está operando quanto para os projetos que submeterá ao leilão, a companhia está estudando a melhor configuração possível de combinação entre a geração térmica e solar com baterias, buscando o equilíbrio entre penetração de energia renovável, redução da pegada de carbono e redução de custos. Segundo Saito, isso envolve considerar fatores como a produção da energia renovável ao longo do tempo, a confiabilidade da geração e o custo da geração térmica, além das características específicas de cada local.
“Estamos fazendo uma consulta no mercado, tanto para parte de módulos e inversores solares quanto sistemas de armazenamento, sabendo que ainda estamos dimensionando qual vai ser a solução ótima de solar e bateria para cada da localidade”.
O executivo destaca que a aquisição de uma companhia pioneira no desenvolvimento de armazenamento em baterias, a Younicos, em 2017, ajudou a Aggreko a adquirir conhecimento sobre o dimensionamento da tecnologia em diferentes projetos, o que foi somado à expertise na geração térmica. A empresa adquirida saiu do negócio de fabricação de baterias mas permaneceu atuando como prestadora de serviços e soluções em armazenamento.
“Temos essa competência original de fabricante de saber realmente o que dá problema nesse tipo de solução. A tecnologia evoluiu, e estamos falando com os principais fabricantes [de baterias], mas buscando a melhor solução com base nessa expertise de dentro casa”, diz Saito. “A gente entende que hoje a geração térmica é mais cara mas, para sistemas isolados, ela tem uma confiabilidade muito grande”, acrescenta.
Além de preparar projetos próprios para a participação no leilão, a companhia também está oferecendo EPC para outros investidores interessados em competir pelos lotes.
Leilões de reserva de capacidade (LRCAP) de 2025
Segundo Saito, a Aggreko também está se preparando para participar dos leilões de reserva de capacidade de 2025, tanto o primeiro, marcado para junho, que contratará térmicas e hidrelétricas com diferentes inícios de suprimento, de 2025 a 2030, quanto para o segundo, ainda sem data, que contratará sistemas de armazenamento.
A companhia possivelmente participará com projetos a gás, apesar da possibilidade de uso de biocombustíveis nos projetos do primeiro leilão.
“A expectativa é de uma demanda bastante importante, o que justifica uma contratação de um produto de curtíssimo prazo, já para 2025. Então, a gente vê o sistema muito demandante de potência. Isso exatamente por causa do sucesso dos renováveis aqui no Brasil, que está gerando um problema no horário de ponta com a saída das renováveis. A Aggreko entende isso como parte desse esforço de transição energética, são essas térmicas que vão operar pouco, mas que são fundamentais para garantir a estabilidade do sistema”, comenta Saito.
Para o segundo leilão, a companhia estuda inclusive a possibilidade de colocalizar sistemas de armazenamento de baterias em térmicas a gás.
“Eu acho que deveria existir demanda para os dois e deveria ser pensada uma contratação menor do térmico para permitir esse leilão de capacidade de armazenamento na sequência”, avalia Saito. “É, com certeza, existe esse desafio da térmica roubar demanda do segundo leilão de armazenamento, mas pela forma como foi modelado o leilão de armazenamento, pode ter uma vantagem de por exemplo colocalizar essa térmica que ganhou o [primeiro] leilão com a solução de armazenamento no segundo leilão.”
Energia solar: geração compartilhada e aquisições de projetos
Além de projetos híbridos combinando novas tecnologias à tradicional geração térmica, a Aggreko também está investindo em projetos puramente solares. As primeiras usinas próprias já foram concluídas e estão sendo conectadas no Ceará. A estratégia é enquadrar as usinas na modalidade de geração distribuída compartilhada, em que consumidores, principalmente comerciais, passam a fazer parte de uma associação ou cooperativa solar e recebem os créditos de geração em forma de desconto na fatura. No estado, o plano inclui 10 usinas de 1 MW cada e também desenvolve novos projetos em outros estados.
“Isso faz muito parte dessa estratégia de fazer essa transição energética. A gente que entender bastante de solar, do mesmo jeito que a gente já entende de térmica e de armazenamento”, diz Saito. Ele acrescenta que além do desenvolvimento e construção das usinas solares, a Aggreko também está atuando na parte comercial dos ativos, prospectando os potenciais consumidores para a geração compartilhada.
A companhia também tem interesse na aquisição de projetos solares em operação ou pré-operação, especialmente aqueles enquadrados em GD1, o conjunto de regras de geração distribuída anterior à Lei 14.300.
“Então, hoje a Aggreko está com bastante atividade, né? A gente tem o SISOL, olhando para projetos de 15 anos, tem a habilitação dos nossos projetos através do CGPA e através de recursos próprios e tem o leilão de capacidade térmico que a gente tá olhando e leilão de capacidade com armazenamento de energia”, resume Saito. A companhia busca a transição energética em diversas frentes e 2025 pode ser um ano estratégico para esse movimento.
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