Retrospectiva BIPV: A arquitetura solar no centro das inovações do setor solar

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O último ano foi marcado por avanços significativos na integração da energia solar à arquitetura, consolidando essa prática como uma solução que combina estética, sustentabilidade e eficiência energética. Em minhas publicações, explorei diversas vertentes desse tema: desde avanços tecnológicos e estudos de caso inspiradores até os desafios regulatórios e as tendências globais. Esta retrospectiva celebra não apenas os marcos e aprendizados do período, mas também o impacto crescente da integração fotovoltaica no modo como projetamos e vivemos as cidades.

 Capacitação e Inspiração

Começamos com o artigo “Projetando com o sol a seu favor”, que destacou a importância da capacitação em Arquitetura Solar para arquitetos e integradores, evidenciando o potencial dos sistemas BIPV (Building-Integrated Photovoltaics) para transformar os mercados da construção civil e da energia solar. Essa abordagem foi enriquecida com reflexões sobre o papel das novas tecnologias fotovoltaicas na criação de soluções arquitetônicas inovadoras e sustentáveis, que integram-se ativamente às edificações.

Em novembro de 2023, o destaque ficou com o artigo “Fachadas coloridas que geram energia”. Com a chegada de módulos fotovoltaicos coloridos ao mercado nacional, tornou-se ainda mais viável aliar a geração de energia à beleza e ao alto desempenho, tanto em novas construções quanto em retrofits de empreendimentos residenciais e comerciais. Essa novidade foi complementada, em dezembro de 2023, pelo artigo “Geração de energia com luz e transparência”, que explorou as aplicações de módulos semitransparentes em átrios, pergolados e fachadas, demonstrando que é possível produzir energia enquanto se aproveita a iluminação natural e a transparência visual.

Módulos fotovoltaicos customizados coloridos em edifício residencial na cidade de Zurich, Suíça.

Imagem: Clarissa Zomer

Estruturas e Tecnologias em Destaque

Iniciando 2024, o artigo “Estruturas para Arquitetura Solar” destacou a importância das estruturas de fixação, ressaltando como o design personalizado pode aprimorar projetos solares integrados. Afinal, a arquitetura solar não se resume apenas aos módulos fotovoltaicos. Já em março, o artigo “Arquitetura Solar como inspiração na hora de projetar” explorou a evolução tecnológica do setor, incentivando arquitetos a integrarem a energia solar desde a concepção do projeto, aproveitando-a como fonte de inspiração e novas oportunidades para suas criações.

No mês de abril,  “O papel da arquitetura solar na redução do impacto ambiental das cidades” evidenciou a contribuição dos sistemas fotovoltaicos para a sustentabilidade urbana, destacando seu papel na promoção de cidades mais resilientes e energeticamente eficientes.

Avanços Globais e Reflexões Locais

Em maio, “Reflexões sobre o avanço do BIPV no mundo e nossa trajetória no Brasil” apresentou um panorama sobre os desafios e oportunidades da arquitetura solar no país, reforçando a necessidade de maior adesão à tecnologia e o grande gargalo atual: a falta de conhecimento técnico por parte dos projetistas envolvidos: arquitetos e engenheiros. Em junho, o artigo  “Como a Legislação Edilícia está olhando para a Arquitetura Solar?” abordou os aspectos regulatórios que afetam a adoção da energia solar nas cidades e as dúvidas mais recorrentes: afinal, uma cobertura fotovoltaica é ou não é área construída? Conta ou não conta no cálculo do IPTU?

Visita ao estande da pv magazine na Intersolar de Munich.

Imagem: Clarissa Zomer

Cases de Sucesso e Inovações Práticas

O mês de outubro foi marcado pelo lançamento do “primeiro BIPV multifamiliar de SC”, o Sungarden, um exemplo de integração fotovoltaica planejada desde a fase inicial do projeto arquitetônico. Esse marco foi explorado no artigo “A arquitetura solar avança no país: lançamento do primeiro BIPV multifamiliar de SC”,  onde detalhei todas as etapas do projeto BIPV e destaquei a importância da colaboração entre os diferentes atores envolvidos no empreendimento.

Em novembro, publicamos o artigo “Como o MPPT Global otimiza a geração energética em sistemas com sombreamento parcial” que apresentou uma solução tecnológica inovadora para melhorar a eficiência dos sistemas solares sem a necessidade de alterações físicas na instalação.

Momentos Marcantes

Este período foi marcado por momentos significativos tanto para mim quanto para a arquitetura solar no Brasil. Entre os destaques, estão os projetos BIPV desenvolvidos pela Arquitetando Energia Solar, em âmbitos residencial e comercial, que simbolizam a integração entre tecnologia, eficiência e design arquitetônico no país. As visitas a feiras internacionais de energia solar trouxeram inspiração e a oportunidade de me conectar com as mais recentes inovações globais. Enquanto isso, o mercado BIPV no Brasil avançou com novas soluções em fixação, vedação, cores, formatos e transparências, ampliando as possibilidades de personalização estética.

Além disso, lancei um curso pioneiro no Brasil sobre Arquitetura Solar, voltado para arquitetos e integradores que desejam atuar em projetos BIPV. Essa iniciativa tem contribuído para a capacitação do setor e para o fortalecimento do uso da energia solar integrada entre colegas da área. Também firmamos parcerias estratégicas com grandes empresas, como a Garantia Solar BIPV, impulsionando a difusão da tecnologia e consolidando o BIPV como uma solução cada vez mais acessível e indispensável no cenário da construção sustentável.

Expectativas para 2025

Com base nos avanços alcançados até agora, espero um crescimento expressivo na adoção de tecnologias fotovoltaicas integradas, impulsionado por inovações que elevam os padrões de estética, eficiência e acessibilidade das soluções BIPV. A crescente conscientização sobre os benefícios ambientais e econômicos da energia solar integrada deve motivar incorporadoras, arquitetos e proprietários a considerar essa tecnologia desde as fases iniciais dos projetos.

Regulamentações urbanísticas e políticas de incentivo são fundamentais para criar um ambiente mais favorável à expansão do mercado. A incorporação de novos materiais, estratégias de instalação mais práticas e soluções personalizadas promete diversificar ainda mais as possibilidades de integração fotovoltaica, permitindo que projetos de diferentes portes tirem proveito dessa tecnologia sustentável.

Desejo que os desafios enfrentados até aqui continuem a inspirar abordagens inovadoras, fomentando parcerias estratégicas e a capacitação profissional em todas as etapas de implementação. A arquitetura solar seguirá evoluindo como um pilar essencial para cidades mais resilientes, edifícios mais inteligentes e um futuro mais sustentável, reafirmando seu papel de protagonista na transformação do setor da construção civil.

Sobre a autora: Clarissa Zomer é arquiteta, doutora em Engenharia Civil, especialista em sistemas fotovoltaicos integrados à arquitetura. Atuou como pesquisadora do Laboratório Fotovoltaica UFSC por 17 anos e em 2020 fundou a Arquitetando Energia Solar para prestar consultorias, realizar projetos, e oferecer cursos e palestras sobre arquitetura solar. Foi responsável por grandes projetos BIPV, como o próprio Laboratório Fotovoltaica UFSC, por estudos de viabilidade técnica BIPV, como o Mineirão Solar e a Megawatt Solar da Eletrosul e, recentemente, como os Brises Fotovoltaicos do Instituto Germinare. Possui mais de 70 MWp de projetos de sistemas fotovoltaicos integrados à arquitetura e mais de 60 artigos publicados em revistas internacionais, nacionais e em congressos. Clarissa é também Diretora de de BIPV – Fotovoltaica na Arquitetura e Construção da ABGD e Diretora de Projetos Arquitetônicos da Garantia Solar BIPV.

Os pontos de vista e opiniões expressos neste artigo são dos próprios autores, e não refletem necessariamente os defendidos pela pv magazine.

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