O mercado brasileiro de armazenamento de energia está avançando para se tornar um dos principais pilares da modernização do setor elétrico nacional. Esse foi um dos insights compartilhados pela Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (Absae) durante o lançamento do “1º Panorama do Armazenamento no Brasil”, realizado na última quinta-feira (5/12), na capital paulista. Durante a apresentação, a entidade compartilhou a visão de que o armazenamento deve se tornar protagonista do setor elétrico e atrair até R$ 47 bilhões em investimentos até 2030.
O armazenamento de energia, especialmente por meio de sistemas de baterias (Battery Energy Storage Systems – BESS), é apontado como o “canivete suíço” do setor elétrico. Segundo o conselheiro da Absae e vice-presidente de novos negócios e inovação da UCB Power, Marcelo Rodrigues, esses sistemas oferecem uma versatilidade sem precedentes ao oferecer integração de renováveis, solução para inversão de fluxo de energia, suporte à transmissão e distribuição, e maior independência ao consumidor final.
O presidente da Absae, Markus Vlasits, reforçou o papel estratégico do armazenamento. “O armazenamento está acontecendo e é um dos protagonistas do setor elétrico. Prevemos um potencial de investimento de até R$ 47 bilhões até 2030. Isso significa modernização, inovação tecnológica e geração de empregos, elementos fundamentais para tornar o setor mais flexível e resiliente”.
A importância dos leilões para a capitalização de investimentos
Além de desafios técnicos e políticos, o armazenamento surge como uma tecnologia âncora para a descarbonização da matriz elétrica da Amazônia, que ainda depende largamente de óleo diesel e gás natural. A previsão é que cerca de R$ 14 bilhões sejam investimentos em soluções off-grid capazes de transformar comunidades isoladas. Além disso, a Absae aposta que R$ 16 bilhões poderão ser injetados em soluções in-front-of-the-meter, e R$ 14 bilhões em behind-the-meter, sistemas que ampliam a eficiência energética e a integração de renováveis em todo o país, reduzindo os custos com energia elétrica.
Os Leilões de Reserva de Capacidade, planejados para iniciarem em junho de 2025, prometem impulsionar os investimentos para a adoção do armazenamento, com a possibilidade de contratação de 2 GW ao ano. Para Rodrigues, esses leilões são a chave para colocar o Brasil entre os líderes globais no uso de sistemas de armazenamento.
“Os leilões vão impulsionar o mercado, visto que a indústria já está muito motivada. Agora, nosso trabalho árduo será com o legislativo. Acredito que o mercado de armazenamento seguirá relevante, afinal, a modernização e a solução para a matriz energética no Brasil passam pelas baterias”, afirma Rodrigues.
Desafios regulatórios e tributários
O caminho para o crescimento do mercado passa pela superação de entraves regulatórios e fiscais. A ausência de um marco regulatório específico para o armazenamento de energia é uma das principais barreiras, gerando incertezas sobre tarifas, regimes de outorga e fontes de receita. No entanto, há avanços, com a inclusão da pauta de armazenamento na próxima reunião da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no dia 10 de dezembro, considerada uma grande conquista da entidade, fundada há apenas um ano e três meses. A expectativa é que a primeira norma oficial sobre o tema seja publicada em 2025.
No âmbito tributário, a carga de 55% a 70% sobre baterias — tratadas atualmente como produtos de luxo — é outro obstáculo. Vlasits defendeu uma reclassificação fiscal. “Bateria não é carga, nem fonte de energia, como no Chile. De acordo com o executivo, “ela provavelmente será tratada como uma categoria sui generis, como já ocorre em outros países. A isonomia tributária é essencial para viabilizar novos projetos.”
Promessa de nova era para o setor elétrico em 2025
O lançamento do Panorama do Armazenamento no Brasil marcou um avanço nas discussões técnicas e simbolizou o início de uma nova era para o setor elétrico brasileiro. Com os olhos voltados para o marco regulatório, o mercado de armazenamento tem o potencial de ser um dos grandes motores da transição energética nacional.
Com a criação de políticas públicas adequadas, o impacto não se limita à energia limpa. “Esse é um investimento em empregos, inovação e, acima de tudo, na segurança energética do país”, finaliza Vlasits.
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