O Boletim da Energia Livre, publicação da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) que mostra o panorama mensal do mercado livre de energia no Brasil, elaborado com base nos indicadores mais recentes divulgados por diversas instituições e consultorias, e do estudo da Volt Robotics elaborado para a entidade, mostra que os preços mais baixos de eletricidade no mercado livre de Energia levaram 39% dos consumidores comerciais a migrar para esse ambiente mais competitivo em setembro. No mesmo período do ano passado, o comércio tinha 35% do consumo elétrico no mercado livre de energia.
Esse movimento foi intensificado a partir de janeiro de 2024, quando norma do Ministério de Minas e Energia (MME) autorizou todos os consumidores de energia em média e alta tensão, independente da demanda, a escolher o fornecedor no mercado livre de energia. Até então, apenas os consumidores com demanda maior que 500 kW tinham liberdade para escolher o fornecedor.
A indústria, por exemplo, já compra 92% do consumo de energia no mercado livre de energia. Segundo a Abraceel, o estágio menor de liberalização do segmento comercial frente ao industrial é resultado de um fator principal: no comércio, as unidades consumidoras têm porte menor de consumo em comparação às indústrias. Com a maior parcela do consumo ainda na baixa tensão, o comércio brasileiro anseia pela continuidade da abertura do mercado elétrico brasileiro.
Usinas solares centralizadas destinam 83% da sua geração para consumidores livres de energia. No caso da geração elétrica das usinas eólicas, essa proporção é de 58%. No mercado livre, 55% da energia consumida está alocada em contratos com até quatro anos de duração.
Estudo realizado pela Volt Robotics para a Abraceel identificou que a abertura mais ampla do mercado elétrico tem potencial para beneficiar mais de 6,4 milhões de consumidores industriais e comerciais que ainda compram energia no mercado cativo. A economia anual total é calculada em R$ 17,8 bilhões com a conta de energia elétrica caso esses consumidores optassem pelo mercado livre. Nesses segmentos, gastos economizados tendem a ser reinvestidos na contratação de pessoal e melhorias nos processos produtivos, o que proporcionaria a criação de 382 mil novos empregos.
No segmento comercial, há grande potencial de economia de recursos com o pagamento da conta de luz, o que gera oportunidade de impulsionar empregos e investimentos. O estudo identificou que o Brasil conta com mais de 6,1 milhões unidades consumidoras comerciais de energia, que demandam 8,0 GW médios. Dessas, apenas 2 mil (647 MW médios), entre os maiores estabelecimentos comerciais brasileiros, já estão no mercado livre de energia.
Outros 77 mil (2,1 GW médios) estão aptos a comprar energia do fornecedor que escolher, pois estão na alta tensão, atendendo o requisito para migrar do mercado regulado ao livre. Assim, restam mais de 6 milhões de consumidores comerciais, que consomem energia em baixa tensão, que estão alijados dessa alternativa para reduzir gastos com eletricidade. Os benefícios com a migração para o mercado livre somam R$ 13,5 bilhões em redução de custos por ano e até 290 mil novos empregos, disseminados por todos os estados brasileiros, especialmente em São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraná e Ceará.
No segmento industrial, por exemplo, os números mostram que a maior parte das empresas, exatamente as menores, ainda não pode migrar para o mercado livre de energia. O Brasil tem 492,8 mil unidades consumidoras industriais de energia, que demandam 24,8 GW médios. Dessas, 37,4 mil (22,7 GW médios), entre as maiores, já estão no mercado livre.
Outras 44,7 mil (1,6 GW médios) estão aptas a comprar energia de qualquer fornecedor, pois atendem requisitos para migrar do mercado regulado ao livre. Restam 410,7 mil consumidores industriais (471 MW médios), que consomem energia em baixa tensão, que estão alijados dessa alternativa para reduzir gastos com eletricidade. Elas representam 83% do total de indústrias brasileiras. Os benefícios com a migração para o mercado livre somam R$ 4,2 bilhões em redução de custos por ano e mais de 91 mil novos empregos, disseminados por todos os estados brasileiros, especialmente em São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
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