A ocorrência de ventos com velocidade acima de 100 km/h na última sexta-feira (11/10) deixou mais de 2,6 milhões de consumidores sem energia no estado de São Paulo, sendo 2,1 milhões na área de concessão da Enel. A distribuidora informou em comunicado que a Grande SP ainda registra 250 mil imóveis sem energia nesta manhã. De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o apagão na cidade de SP já causou R$ 1,65 bilhão em prejuízos ao varejo e aos serviços da cidade. Esse é o terceiro episódio do tipo registrado no estado em menos de um ano. Neste cenário, sistemas de energia solar com armazenamento se apresentam como uma solução relevante para mitigar esses prejuízos.
De acordo com especialistas ouvidos pela pv magazine, os sistemas de energia solar híbridos com baterias surgem como uma alternativa viável para mitigar os efeitos dos apagões, garantindo o fornecimento de energia e evitando prejuízos em emergências.
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) avalia que têm aumentado o interesse da população pelos sistemas de armazenamento de energia e reforça o papel estratégico desta tecnologia para trazer mais autonomia, independência e segurança elétrica aos consumidores brasileiros. Além disso, a entidade informou que as baterias registraram uma redução de cerca de 90% nos seus preços nos últimos 15 anos, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE).
Um dia antes do apagão, o CEO da Descarbonize, Nuno Verças, divulgava nas redes sociais da empresa um sistema de baterias antiapagão, para atender quem mora em apartamentos, como o que o executivo tem na própria residência. “Na prática, o que eu tenho em casa é um sistema simples e bonito. Tenho um inversor híbrido, que você encontra disponível entre 3 kW e 10 kW, mas vale lembrar que para a maioria dos apartamentos 3 kW é mais do que o suficiente. Há também uma bateria GoodWe de 5.1 kW. Meu apartamento tem 260 m², com 58 lâmpadas, um freezer, geladeira, ar-condicionado, duas televisões, cinco ventiladores e todo o resto dos equipamentos. Com a casa em uso normal, a bateria dura cerca de seis horas. Se a casa inteira estiver ligada apenas na bateria, ela ainda aguenta cerca de três horas. Caso eu queira ainda mais autonomia, basta duplicar a bateria.”
De acordo com o Verças, quando a instalação é feita em uma casa, é possível colocar as baterias em um local mais escondido. Já em apartamentos, é importante que o equipamento tenha uma estética minimamente agradável, pois fica à mostra.
As baterias funcionam por seis mil ciclos, o que equivaleria a 17 anos de uso se usadas uma vez por dia, e são ativadas de forma que as quedas de energia não sejam percebidas. “Como se trata de um inversor híbrido conectado ao quadro, assim que há uma oscilação, a bateria é ligada em até 4 milissegundos. Ou seja, a internet nem pisca! Se eu estiver em uma call e a energia cair, essa queda é imperceptível”, diz Verças.
“Recentemente fechamos parceria com a Hanei Minoro, uma incorporadora, e vamos atuar em conjunto em dois edifícios, em São Paulo e o outro em Linhares, no Espírito Santo, onde um sistema híbrido com bateria está em exposição em um apartamento modelo. Para mim, essa parceria é um grande diferencial pois nenhuma outra empresa oferece algo assim hoje. Agora a Minoro vem estudando incluir essa solução híbrida com armazenamento já na venda das unidades, assim o novo proprietário não terá mais que se preocupar com isso”.
Além das soluções de baterias da Goodwe, a Descarbonize Soluções também trabalha com inversores híbridos da Growatt, além das baterias da de armazenamento da Dyness e da UCB.
Maior previsibilidade e segurança energética
Já de acordo com o Chief Operations Officer (COO) da distribuidora Solfácil, Brainer Martins, “com eventos climáticos extremos se tornando cada vez mais frequentes, tecnologias como a energia solar com baterias estão ganhando espaço entre consumidores que buscam maior previsibilidade e segurança energética. A tempestade em São Paulo escancarou a importância de alternativas que possam minimizar os impactos de apagões, reforçando a tendência de que sistemas híbridos se consolidem como uma solução estratégica para o futuro”.
Para a Solfácil, a geração de energia fotovoltaica em telhados é uma estratégia fundamental para mitigar apagões e aumentar a resiliência energética de residências e empresas. “Para atender a diferentes perfis de consumo e necessidades, oferecemos soluções que garantem maior autonomia e segurança no fornecimento de energia. Contamos com sistemas híbridos convencionais que combinam a energia solar à conexão com a rede elétrica, geralmente acompanhados por um sistema de armazenamento, como baterias, que possibilitam a energia para as residências”, explica o executivo.
É possível utilizar a energia solar gerada, com o excedente armazenado para uso posterior, garantindo energia disponível à noite ou durante falhas na rede. Para essas soluções, a Solfácil conta com um portfólio variado de baterias de baixa e alta tensão, além de inversores monofásicos e trifásicos, nas potências de 110V, 220V e 380V.
“Adicionalmente, disponibilizamos sistemas híbridos que não exigem a instalação de painéis solares, sendo ideais para apartamentos, por exemplo. Um destaque é o Inversor Retrofit, um modelo inovador que opera sem a necessidade de painéis fotovoltaicos. Ele funciona como um nobreak, instalado junto à bateria, garantindo o fornecimento de energia para cargas de backup em caso de falta de rede. “Essa tecnologia é oferecida em parceria com a GoodWe, atendendo tanto sistemas monofásicos quanto trifásicos. Embora o custo de aquisição e instalação dos sistemas híbridos seja maior em comparação aos tradicionais, o investimento se justifica pelas possibilidades gerados com essa solução, como, por exemplo, não depender da rede pública para ter acesso à energia elétrica”, finaliza o COO.
Armazenamento de energia para pequenos espaços, como apartamentos
A fabricante de inversores e baterias de armazenamento, SolaX Power, uma pesquisa da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), por meio de dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Brasil registrou, em 2023, 47 mil quedas de energia elétrica provocadas por incêndios e queimadas, um aumento de 21% em comparação ao ano anterior. Já em 2019, foram 23 mil casos registrados, ou seja, em quatro anos a quantidade de interrupções de energia mais do que dobrou. E no primeiro quadrimestre de 2024, já foram mais de 18 mil notificações.
De acordo com a empresa, as quedas de energia podem ter impactos consideráveis para a população, seja para quem trabalha em casa de forma remota ou para aqueles que dependem de equipamentos ligados na energia para sobreviver. E para os moradores de prédios os impactos da interrupção do fornecimento podem ser bastante desafiadores, já que, sem os elevadores, para entrar ou sair de casa, muitas vezes, precisam subir e descer muitos andares pelas escadas. A boa notícia é que as soluções que minimizam os impactos dessas interrupções estão se tornando cada vez mais democráticas.
A SolaX Power fabrica um equipamento que atende ao armazenamento de energia para pequenos espaços, como os apartamentos. A linha X-Hybrid está disponível nas versões monofásicas, X1-Hybrid e X1-SPT e trifásica, X3-Hybrid. Trata-se de uma solução integrada, que combina inversor híbrido de 5 a 15 kW, BMS (Battery Management System) – que gerencia a performance das baterias -, além de módulos de bateria expansíveis, com capacidade de 7.2 kWh a 30 kWh (monofásico) e 7.2kwh a 40kWh (trifásico).
Os equipamentos X-Hybrid possuem baterias e um design diferenciado que se integram à decoração do ambiente, além de tamanho reduzido, adequado para ser utilizado em espaços pequenos.
“Devido ao design all-in-one, torna-se mais compacto e elegante, tornando este produto mais atraente para que fique visível no ambiente, como no caso da maioria dos apartamentos. Além disso, oferece a opção de medidor sem fio, o que permite um monitoramento ainda mais eficiente”, explica o engenheiro Marcelo Niendicker.
O modelo trifásico oferece saída desbalanceada, característica que possibilita o uso eficiente e otimizado da energia. Possui ainda recursos de gerenciamento baseados em inteligência artificial, considerando o horário de consumo e as necessidades do usuário. E, como recursos adicionais de segurança, detecção de AFCI opcional e desligamento rápido, além de proteção contra surtos elétricos.
Niendicker explica que, normalmente, os mesmos equipamentos de armazenamento podem ser utilizados em residências ou apartamentos, a diferença é que no residencial é tradicional adicionar módulos fotovoltaicos para captação de energia solar.
“Em apartamentos, esses equipamentos armazenam a energia da própria rede da concessionária, que pode ser utilizada posteriormente em períodos de apagões, quedas de energia ou quando a tarifa da concessionária estiver mais alta”, orienta o executivo.
Mas como mensurar a capacidade desse sistema. Segundo o engenheiro, “o sistema de 6kW e duas baterias (10kWh) consegue manter geladeira, iluminação, internet, computador e televisão por cerca de oito horas”.
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