Em estudo recente, a Aurora Research estima que, nas condições atuais, os sistemas de armazenamento em baterias já são 10% mais baratos que novas térmicas de ciclo combinado para atender a necessidade de reserva de capacidade do sistema a partir de 2030. E essa diferença poderia chegar a 29%, caso a carga tributária dos equipamentos, incluindo as baterias, fosse igualada a dos painéis solares.
“No Brasil, 30% do custo de instalação de armazenamento é representado por impostos, em outros países que acompanhamos, isso fica em 5% a 10%”, disse à pv magazine a chefe de pesquisa Latam da Aurora, Inês Gaspar.
Essas projeções podem ser visualizadas no gráfico abaixo, parte da versão pública do estudo da Aurora, com um custo relativo de cada tecnologia, incluindo novas térmicas de ciclo combinado (CCGT) e de ciclo aberto (OCGT) e baterias com a carga tributária atual (Base Case) e com carga tributária equiparada aos painéis solares (Upside).
Em agosto, o presidente do conselho da ABSAE, Markus Vlasits, disse à pv magazine que os custos para projetos de grande escala estão em torno de R$ 1.500 por quilowatt-hora e devem continuar caindo.
Dois leilões até junho de 2025 e distribuição da demanda
O governo anunciou publicou na última sexta-feira uma consulta pública sobre um leilão de reserva de capacidade exclusivo para baterias a ser realizado em junho de 2025.
“A decisão do governo de limitar a participação a baterias de 4 horas foi estratégica, já que, com regras anteriores (isto é, se olhássemos para o leilão anunciado agora para 2024, e se as regras fossem semelhantes), baterias de 2 horas poderiam participar, e seriam mais lucrativas devido ao seu menor CAPEX, mesmo pagando penalidades por não estarem disponíveis quando chamadas. Essa regra de 4h é fundamental para garantir que a capacidade contratada realmente apoie a segurança do sistema”, disse a chefe de pesquisa da Aurora.
Entretanto, há dúvidas sobre a realização ainda em 2024 do leilão de reserva de capacidade com participação de térmicas e hidrelétricas.
“Fizemos estimativas e, para acontecer esse ano ainda, a portaria teria que sair no meio de setembro, há duas semanas”, comentou Inês Gaspar. Se o governo não realizar o leilão em 2024 como era previsto, a confiança na realização do leilão para baterias em junho de 2025 pode ser afetada, avalia. Ela observa ainda que o estudo da Aurora são “neutros” em relação às tecnologias e que em outros países é mais comum ver um mesmo leilão ter a participação de diversas fontes, embora exista a separação entre novos projetos e projetos já operacionais.
Considerando um mix de novos contratos reserva de capacidade com 40% de baterias de 4 horas, 30% de térmicas em ciclo aberto e 30% em ciclo fechado, os custos para o consumidor seriam reduzidos em 5% a 24% e as emissões, em 37% a 99%, em comparação com um mix puramente térmico.
“Nossos cálculos mostram que incluir algumas baterias para acomodar essa demanda do leilão já poderia reduzir significativamente os custos repassados aos consumidores na tarifa do LRCAP, além do benefício de cortar emissões de CO2 em até 99%, ao evitar despacho de térmicas em hora de ponta”, comenta Inês.
A versão pública do estudo, com mais informações, pode ser acessada aqui.
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