O mais recente Estudo Estratégico da Geração Distribuída (Estudo GD) da empresa de inteligência de mercado Greener, mostrou que as empresas integradoras de geração solar distribuída estão diversificando seus negócios para oferecer tecnologias e serviços adicionais como migração para o mercado livre, baterias e carregadores de veículos elétrico.
Nesta entrevista concedida à pv magazine na Intersolar 2024, o CEO da Greener, Marcio Takata, conta sobre os desafios e as oportunidades do Mercado de Geração Distribuída no Brasil identificados no estudo. Além de comentar sobre a redução expressiva dos preços desde 2023, o CEO destaca as tendências de novos modelos de negócios que vêm ganhando espaço e exigem atenção dos integradores para complementar suas ofertas com flexibilidade e inovação:
Quais foram os principais desafios do mercado solar esse ano?
Este foi um primeiro semestre desafiador em alguns aspectos. Primeiro, na própria dinâmica do setor, com a forte redução dos preços, que é positiva por um lado, mas traz uma complexidade para cadeia de distribuição, que já vinha com estoques a um preço mais elevado. Se ajustar à essa nova realidade de uma forte redução de preços trouxe uma complexidade bastante importante. Já para o integrador, tem aspectos positivos, afinal a solução fica mais barata e acessível, porém ajustar as margens de uma forma adequada e saudável nesse cenário de queda, é um ponto importante de desafio também para o empreendedor.
A Greener lançou a edição mais recente do Estudo Estratégico da Geração Distribuída do 1º semestre de 2024, quais foram as oportunidades mapeadas para os integradores de setor?
Ainda nessa linha de dinâmica do setor, a ampliação da cadeia de fornecimentos que proporcionam essa queda importante de preços foi tornando a solução fotovoltaica mais acessível. Naturalmente, isso traz um potencial de ampliar a base de clientes, e aqueles que eventualmente não tinham esse acesso começam a ter. Então, a ampliação do mercado é uma coisa bastante importante. Outro ponto relevante é o financiamento, que depois de um período de forte queda em 2023, vem em um processo de retomada, com financiamento na faixa de 50% [das vendas realizadas], que é um número positivo, porém ainda com potencial muito grande de ampliar a penetração de financiamento. Então eu diria que esse é um caminho muito importante ainda de desenvolvimento da nossa cadeia solar.
Quais as principais tendências, não somente em tecnologia, mas em novos modelos de negócio?
Um dos temas centrais da nossa pesquisa, a qual a gente agradece as milhares de empresas integradoras que participam, é sobre como eles estão olhando para esses novos modelos de negócios. Procuramos entender como que eles estão buscando fontes alternativas e complementares para que se tenha um modelo de negócio mais sustentável. É super importante para o empreendedor, sobretudo para o integrador, o tema de maior flexibilidade e confiabilidade que o as soluções de armazenamento trazem. Hoje, aproximadamente 17% dos integradores já vendem ou já venderam alguma solução de armazenamento e soluções híbridas. Essa é uma evolução em relação aos 11% que tínhamos há seis meses atrás.
A mesma coisa pode ser dita sobre mobilidade elétrica: o dimensionamento e as instalações das soluções de recarga também são um elemento complementar à integração solar fotovoltaica, são produtos que vêm ganhando uma atração na cadeia de integração e também na cadeia de distribuição, portanto é muito importante que o player esteja antenado à essas tendências.
Para complementar, acho que é importante mencionar os novos modelos, tanto de mercado livre, quanto de energia por assinatura na geração compartilhada, como modelos de negócio que podem ser complementares a princípio, e eventualmente tornarem-se um elemento bastante interessante. É preciso ter atenção para as oportunidades de complementar a venda da solução com produtos que podem incrementar a receita.
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