O Brasil pode chegar a 25 GW de capacidade instalada até 2030, diz o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (ABSAE), Markus Vlasits, em entrevista à pv magazine. A projeção considera o avanço da participação de renováveis variáveis, como solar e eólica, na matriz elétrica brasileira, de 30% atualmente para 40% até 2030. Atualmente, o país acumula entre 300 MW e 400 MW de armazenamento em baterias.
Para atingir o potencial projetado, seria necessária uma regulação estabelecendo o papel das baterias acopladas à outras tecnologias e como agente armazenador “stand-alone”; a inclusão em leilões como os de reserva de capacidade, os de transmissão e o de atendimento aos sistemas isolados; e a revisão do tratamento tributário – sistemas importados podem ter até 70% de carga tributária, enquanto os montados localmente pagam uma carga de 50%.
A aplicação já é viável para consumidores comerciais e industriais com deslocamento de ponta (load shifting), gestão de demanda (peak shaving) e backup de energia. E também para aplicações off-grid.
Confira a entrevista:
O que é necessário para o mercado de bateria de armazenamento deslanchar no Brasil?
A gente já tem mais ou menos 350 MW, 400 MW de sistemas instalados no Brasil, o que ainda é pouco mas já é uma realidade e esse mercado hoje tá crescendo em várias frentes do off grid do uso por clientes comerciais e industriais. Agora para que a gente realmente tenha um crescimento maciço, em larga escala, o que que a gente precisa é do aprimoramento do marco regulatório e a Aneel já está trabalhando nisso. Segundo, da inclusão em leilões, principalmente o leilão de reserva de capacidade. Temos uma proposta de valor muito boa [para o competir no leilão], com uma economia significativa de até 50% em comparação com termelétricas. Em terceiro, uma revisão do tratamento tributário. Nós hoje pagamos alíquotas tributárias muito mais elevadas do que outros bens de capital do mercado de energia elétrica. A gente precisa ser tratado como os demais bens de capital. Tendo essas três coisas esse mercado vai bombar. Tenho certeza disso.
Estamos acompanhando a queda de preços das baterias no mercado global, muito ligada ao aumento da demanda de veículos elétricos. Quando esse efeito será percebido em aplicações de armazenamento de energia elétrica no Brasil?
A gente teve de fato uma redução de mais de 80% ao longo dos últimos 10 anos e justamente no último ano tivemos uma queda bastante expressiva de mais ou menos 20% a 30% então no caso do brasileiro onde temos além dos preços globais, aquela carga tributária, a gente já fez uma redução de uns R$ 4.000 por quilowatt-hora de capacidade para algo em torno de R$ 1.500 por quilowatt-hora para projetos de grande escala, então é uma redução muito significativa. Essa redução vai continuar porque as baterias de íons de lítio continuam numa trajetória de queda. A Receita fazendo o devido dever de casa dela, [que é] nos desonerar, a gente certamente pode chegar futuramente, com tratamento tributária adequado, a uma taxa de R$ 1.000/R$ 1.200 quem sabe até menos, a depender da circunstâncias.
Qual é a projeção que a ABSAE faz de crescimento dessa capacidade para os próximos anos?
Na nossa visão, até 2030 o mercado pode chegar em mais de 25 GW horas com o patamar de investimento superior a R$ 45 bilhões, desde que os deveres de casa sejam feitos. Para isso a gente precisa dessas políticas públicas, mas é o mercado extremamente promissor.
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