Livoltek aposta em vantagens logísticas e tributárias para ser competitiva com produção nacional

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A Livoltek, empresa do Hexing Group, inaugurou sua primeira fábrica na Zona Franca de Manaus, nesta quarta-feira (24/07), fruto de um investimento de mais de R$70 milhões. A empresa chinesa escolheu a capital amazonense para produzir inversores fotovoltaicos, baterias de lítio e carregadores de veículos elétricos para atender ao mercado nacional e internacional, de olho na América Latina. O complexo industrial possui 18 mil m² e deve gerar 600 empregos diretos e mais de 2 mil indiretos.

A princípio, considerando as atuais condições de mercado, a capacidade produtiva da fábrica está dimensionada para entregar 1,8 GW ou cerca de 300 mil unidades de inversores. Mas ela poderia chegar a até 3 GW, sem necessidade de novos investimentos em maquinários, apenas com o aumento de turnos e trabalhadores.

A fábrica passará por três fases, que devem estar concluídas até o primeiro trimestre de 2025. A primeira envolve o início da fabricação dos inversores on-grid, a segunda marcará o início da produção dos inversores híbridos e off-grid, dos carregadores e das baterias e, a terceira, dos motores de barco elétrico e outros inversores.

Os equipamentos produzidos no país devem ganhar competitividade em comparação com os importados por fatores fiscais, tributários, logísticos e comerciais, avalia o diretor geral da Livoltek no Brasil, Thiago Varanda. A experiência da Hexing com a marca Eletra Energy, que fabrica no país medidores de energia com uma participação de aproximadamente 70% no mercado brasileiro foi um fator importante para convencer a holding a investir também na produção local de inversores.

“Foi feito muito estudo para entender se os inversores, baterias, carregadores, motores de barco elétrico tinham realmente sentido de serem fabricados aqui no Brasil, se se pagavam. E sim, se pagam”, disse o executivo a jornalistas após a inauguração da fábrica. Além de vantagens fiscais e tributárias do investimento na Zona Franca de Manaus, o produto fabricado no Brasil será mais adequado para o mercado brasileiro, sendo submetido à testes que reproduzem as condições de campo do país, conta Varanda.

Retirada de ex-tarifários de inversores, vantagens logísticas e proteção cambial

Além disso há perspectiva de queda de ex-tarifários de inversores com especificações similares. “Quando você tem um produto que não é fabricado no Brasil, há um benefício do ex-tarifário. Com certeza a gente sendo fabricante, esse benefício terá algumas restrições e, subsequente a isso, a gente vai ter uma diferença ainda maior do preço desse produto comparado ao internacional”, comentou Varanda. Ele disse que um primeiro estudo realizado pela empresa indicou que essa retirada de ex-tarifários poderia gerar uma diferença de 18% em relação ao preço do produto internacional.

As recentes altas no custo do frete internacional e do dólar também reforçam a competitividade dos produtos nacionais, avalia Varanda.

O diretor de Vendas da Livoltek, Mateus Gomes, destacou ainda que a companhia contará com o apoio dos centros de distribuição da Eletra, formando estoques de inversores em Fortaleza e Curitiba, além da fábrica em Manaus. Com isso, o tempo mínimo de entrega pode chegar a até cinco dias a partir do pedido, a depender da localidade, quando esses estoques estiverem formados.

“Da fábrica de Manaus o equipamento vai de barco até Belém e de lá é escoado para o resto do Brasil. Abastecer esses centros de distribuições em Fortaleza e em Curitiba, em um primeiro momento vai demandar 15 a 20 dias, mas depois vamos trabalhar com tempos de cinco até 10 dias dependendo da entrega final. Então a logística é o que a gente está focando bastante até de forma antecipada para atender de forma rápida essa operação”, disse Gomes.

Nacionalização progressiva de insumos

A fábrica da Livoltek produzirá desde as carrocerias dos inversores e os chips até as Placas de Circuito Impresso (PCBs, na sigla em inglês) mas, nos primeiros meses de produção, os insumos virão em sua maior parte da China. Estudos preliminares indicam que a participação de insumos nacionais poderia chegar a 70% dos equipamentos.

“É uma fábrica nova, inclusive no período de agosto e setembro haverá uma produção em teste. A gente já vai aceitar pedidos, muito focado na produção de outubro”, comenta Varanda. “No primeiro momento a gente quer entender se todo o processo fabril estava correto, então a gente não quis correr o risco, vamos dizer assim, de ter paralelo ao processo de fabricação um processo de qualificação de fornecedores. Então nesse primeiro momento a cadeia produtiva é de insumo chineses, a tendência é que a gente tenha o máximo possível de produtos nacionalizados e isso eu quero construir nos próximos 18 a 24 meses, essa é uma missão minha e é a missão da Livoltek, justamente para a gente ter esse controle da cadeia, não sofrer com frete marítimo, não sofrer com alteração de dólar, mas a gente sabe que tem alguns produtos que não são produzidos no Brasil”, comenta o diretor geral da empresa.

A companhia já está trabalhando para se credenciar como fabricante local junto ao BNDES e outras linhas de fomento, diz o diretor.

Com sede na China, a Hexing possui fábricas na Indonésia e na África, além de contar com operações na Europa. O investimento na nova fábrica no Barsil contribui para que o país, que já é um dos protagonistas no mercado fotovoltaico global com novas instalações, passe a se posicionar como um relevante ator também na fabricação dos equipamentos dessa indústria, avalia o diretor geral da Livoltek no Brasil. “Primeiro a gente vai abastecer o mercado nacional, esse é o objetivo da fábrica, e subsequente abastecer o mercado da América Latina”, disse o executivo a jornalistas após a inauguração da fábrica. “A gente sai de uma seara de consumidor para também ser uma seara de fabricante”.

Potencial regional

Para a companhia, além das vantagens tributárias e fiscais oferecidas por Manaus, a localização da fábrica também a aproxima de mercado potenciais na região Norte, especialmente no caso dos motores de barcos elétricos e sistemas com baterias. A região usa o sistema fluvial de transporte e tem muitos locais desconectados da rede elétrica, com consumo de diesel em ambos os casos. Além disso, por ser uma região quente, tem um consumo alto de ar-condicionado inclusive durante a noite, o que poderia incentivar a adoção de baterias nos sistemas de geração distribuída, para guardar a energia gerada durante o dia e usá-la a noite.

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