A Auren Energia anunciou na quarta-feira (15/05) a aquisição integral da AES Brasil, que passa a ser sua subsidiária. Com a incorporação, a Auren se torna a terceira maior geradora de energia no país.
A empresa combinada terá 39 ativos operacionais que somam 8,8 GW em operação, dos quais 900 MW de energia solar, sendo 500 MW da Auren e 300 MW da AES. Além disso, o portfólio combinado inclui 4,7 GW de capacidade hídrica (2,1 GW da Auren e 2,7 GW da AES) e 3,2 GW de eólica (1 GW da Auren e 2,2 GW) da AES.
Em apresentação ao mercado realizada nesta quinta-feira (16/05), o presidente da companhia, Fabio Zanfelice, disse que a aquisição habilita a empresa a continuar crescendo com projetos solares greenfield. “Era uma preocupação o portfólio ótimo e a participação da solar [no portfólio]. É a fonte mais competitiva e que vai lidera a expansão. Continuar investindo em solar nos tiraria do portifólio ótimo, ficaríamos mais expostos ao PLD horário por exemplo”, ele comentou.
A Auren tinha uma participação de aproximadamente 15% de solar em sua capacidade total de geração e, com as capacidades combinadas, essa participação passa a ser de 10%, abrindo espaço para o crescimento da fonte, considerando um limite de 20% que a empresa considera ser um portfólio ótimo de ativos operacionais, composto ainda por 30% de eólicas e 50% de hídricas.
A companhia enxerga oportunidade de gerar valor em diversas áreas, incluindo gestão de endividamento e no aumento da disponibilidade dos ativos eólicos da AES Brasil. De acordo com a apresentação, os ativos eólicos da AES têm uma disponibilidade até 14 pontos percentuais abaixo da média de disponibilidade de ativos da Auren, que é de 97%.
Comercialização de 4,1 GW médios
Com a aquisição, a Auren se torna a maior comercializadora de energia do país, ultrapassando o BTG Pactual, com 4,1 GW médios comercializados. A Auren já tinha 3,6 GW médios comercializados, dos quais 1,7 GW de garantia física de usinas próprias. De acordo com a CCEE, ao todo, em março, os contratos de energia no mercado livre somavam 125 GW médios.
“Era [como se fosse] uma comercializadora que tinha uma geradora. Com a aquisição reduzimos em praticamente 100% nossa dependência de lastro. A Auren está altamente contratada nos próximos três anos, com muito baixa exposição ao preço. Com mais 1.500 clientes, duração média de 3,8 anos”, detalhou Zanfelice.
A transação será submetida à aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), e a expectativa é que seja concluída em agosto de 2024.
“Desde a criação da Auren, em março de 2022, analisamos detalhadamente o mercado em busca de oportunidades de crescimento por meio de fusões e aquisições. Das mais de duas dezenas de processos que a companhia avaliou neste período, nenhum apresentou tanta sinergia, alinhamento estratégico e potencial transformacional para a Auren quanto a AES Brasil”, diz o CEO da Auren. “Temos um histórico reconhecido de criação de valor por meio de aquisições e gestão, a combinação de ativos e competências de Auren e AES Brasil criará a mais completa plataforma renovável do setor elétrico brasileiro e inúmeras oportunidades de criação de valor para nossos acionistas”.
A transação consolida a Auren como uma das maiores geradoras de energia renovável do país. Já em 2024, projetos em execução aumentarão a capacidade da companhia combinada em aproximadamente 700MW, com efeito imediato em sua geração de caixa.
A AES Brasil tem 25 ativos de geração de energia instalados ou em implantação, com uma capacidade total de 5,2 GW. Em 2023, sua receita líquida foi de R$ 3,4 bilhões e seu EBITDA somou R$ 1,7 bilhão.
A combinação de ativos cria a oportunidade de captura de sinergias expressivas. Entre elas, a otimização de processos corporativos, que reduzirá as despesas administrativas da empresa combinada. O valor presente dessas sinergias é estimado em R$ 1,2 bilhão, além de sinergias financeiras e operacionais.
Informações financeiras
A receita líquida das duas empresas chega a R$ 9,6 bilhões, um aumento de 55% sobre o faturamento da Auren. O Ebitda ajustado da companhia passará do atual R$ 1,8 bilhão para R$ 3,5 bilhões. Os cálculos têm como base os números de 2023.
Os acionistas da AES Brasil terão três opções para a conclusão da transação: a conversão quase total de suas ações em papéis da empresa combinada, a conversão de suas ações em caixa e uma opção intermediária. A relação de troca equivale a 0,762 ação da AES Brasil para cada ação da Auren.
Histórico de crescimento da Auren
A Auren tem um longo histórico de crescimento e geração de valor no setor elétrico. Em 2017, Votorantim Energia e CPP Investments criaram uma joint-venture para investir no setor, tanto em projetos greenfield quanto por meio de aquisições. Em 2018, adquiriram o controle da CESP, iniciando ali um bem-sucedido processo de revitalização que aumentou a eficiência da companhia, reduzindo despesas em 22% em seu primeiro ano pós privatização, diminuindo significativamente seu passivo jurídico contencioso e levando a uma valorização das ações de 103% em quatro anos.
Em 2022, Votorantim e CPP Investments propuseram a consolidação de seus ativos de energia numa só empresa, processo reconhecido pelo mercado pela transparência e por ter seguido os mais rígidos padrões de governança corporativa e que culminou na criação da Auren. A nova companhia manteve inalterado seu propósito baseado em compromisso de longo prazo, capacidade de gestão, disciplina financeira e retorno aos acionistas. Nos últimos dois anos, a Auren distribuiu R$ 3,7 bilhões em dividendos ao mesmo tempo em que investia em seu crescimento. A empresa encerrou 2023 com R$ 3,2 bilhões em caixa, um rating AAA conferido pela agência Fitch e já conta com financiamento contratado para suportar a transação.
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