CTC/PUC-Rio aponta viabilidade de baterias para acomodar crescimento de solar na distribuição

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A Lei 14.300/2022, que prevê uma redução gradativa dos incentivos aos créditos de energia da GD, e o crescimento dos sistemas fotovoltaicos têm demandado um esforço das distribuidoras dentro de limites técnicos e regulatórios. Neste novo cenário, pesquisadores do departamento de Engenharia Elétrica, do Centro Técnico Científico da PUC-Rio, com o apoio da Energisa, investigam como potencializar o uso das Usinas Virtuais de Energia. O controle de tensão, a redução de perdas elétricas e dos picos de demanda são alguns dos benefícios capturados.

Segundo o professor e diretor do Departamento de Engenharia Elétrica do CTC/PUC-Rio, Delberis Lima, as simulações computacionais com dados da rede elétrica da Energisa, em Tocantins, reforçam o potencial da aplicação da Usina Virtual para o controle de tensão, mitigação de perdas elétricas e redução dos picos de demanda e a utilização de baterias será crucial para explorar as potencialidades da Usina Virtual.

“A pesquisa partiu da premissa de que a coordenação dos REDs pode ampliar o valor comercial de um projeto de integração de REDs com a abordagem de Usina Virtual, que considera os tradicionais créditos de energia combinados com serviços ancilares, como controle de tensão, redução de perdas elétricas e picos de demanda”, explica Delberis, que coordena o estudo pela PUC-Rio e integra um grupo de trabalho que conta com a participação da (RE)Energisa, do grupo Energisa e da Universidade Federal de Uberlândia.

Os REDs, Recursos Energéticos Distribuídos (RED, ou Distributed Energy Resources – DER em inglês) são tecnologias de geração e/ou armazenamento de energia elétrica, localizados dentro dos limites da área de uma determinada concessionária de distribuição, normalmente junto a unidades consumidoras, atrás do medidor (behindthe-meter). A definição vem se ampliando para abarcar ainda eficiência energética, resposta da demanda (RD) e gerenciamento pelo lado da demanda (GLD).

Além das simulações computacionais, o trabalho também envolve a instalação dos REDs em um projeto piloto na cidade de Palmas, Tocantins. Para o especialista, os resultados obtidos mostram que, para um sistema predominantemente residencial, os benefícios são maiores quando o carregamento das baterias ocorre fora do período de ponta, e a descarga da bateria ocorre durante o período de ponta, potencializando os ganhos comerciais e técnicos do projeto.  ‌

“Neste caso, os ganhos comerciais se materializam pela arbitragem tarifária, que ocorre quando o carregamento da bateria acontece quando a tarifa de energia é mais barata, fora da ponta, e a descarga da bateria acontece quando a tarifa de energia é mais cara, no período de ponta. No fim, é um ganha-ganha, tanto do ponto de vista comercial como técnico”, comenta o professor.

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Ainda assim, o professor do CTC/PUC-Rio ressalta que, além da coordenação entre os REDs, faz-se necessário um alinhamento da Usina Virtual com a distribuidora de energia. Segundo ele, a devida alocação dos REDs é crucial para aumentar a resiliência da rede elétrica. Adicionalmente, ele conclui que a tecnologia baseada em Usina Virtual também poderá ser útil para acomodar outros REDs, como veículos elétricos, trazendo maior sustentabilidade ao crescimento deste recurso distribuído.

Os resultados potenciais para aplicação desta tecnologia estão publicados no artigo “Transactive energy based on virtual power plant and ancillary services: A real case application in Brazil after the Law 14.300/2022” na revista científica “Journal of Energy System”.

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