Mercado livre terá participação de 44% da carga total até 2030, avalia Thymos Energia

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O mercado livre de energia elétrica deverá apresentar crescimento de um ponto percentual por ano até 2030 considerando o cenário atual, que permite a migração de consumidores do grupo A, ou seja, aqueles conectados em média e alta tensão. Assim, a participação de consumidores neste ambiente deve atingir 44% da carga do Sistema Elétrico Nacional até o final da década. A projeção faz parte de um levantamento da Thymos Energia, uma das maiores consultorias de negócios do país especializada no setor de energia. Em 2024, a estimativa é que o chamado Ambiente de Contratação Livre (ACL) alcance 38% do consumo total de energia.

Segundo a head de Preços e Estudos de Mercado da Thymos Energia, Mayra Guimarães, essa expansão da modalidade representa um aumento expressivo no número de novos consumidores, embora com cargas menores do que os consumidores que já migraram. “As unidades conectadas em média e alta e tensão representam uma significativa parcela de potenciais consumidores com pequena ou média demanda de energia”, disse.

Ela lembrou que no início deste ano a flexibilidade da legislação permitiu a elegibilidade de consumidores do Grupo A ao mercado livre, independentemente da quantidade de energia consumida. Esse público correspondente, sobretudo, a pequenos e médios estabelecimentos comerciais e industriais como condomínios, padarias, redes de supermercados e farmácias. “Esperamos agora um avanço desta abertura e a definição de um calendário para atender aos consumidores da baixa tensão, que é a maior parte da população brasileira”, completou Mayra.

De acordo com dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), o mercado livre de energia contava, em março deste ano, com 40.578 unidades consumidoras, o que representou a ampliação de 28% em relação ao mesmo mês de 2023. O mercado livre de energia foi responsável, no mês passado, por um consumo de energia de 26.234 megawatts médios (MWmed), correspondendo a 36% do consumo total.

A Thymos Energia ressalta que o cenário previsto no estudo apresenta um grande desafio para o mercado. “Esses potenciais novos clientes estão pulverizados por todo o País. Muitas vezes, eles desconhecem que existem outras formas de contratar energia fora do ambiente regulado, além dos benefícios econômicos que essa mudança pode gerar em sua conta de luz. A adesão dessa fatia de consumidores vai demandar uma força tarefa comercial maior por parte dos agentes do mercado de energia varejista”, afirmou Mayra.

Perspectivas e novas definições no setor elétrico

Há definições regulatórias que precisam avançar para que o mercado livre de energia se torne acessível aos consumidores da baixa tensão. A consultoria avalia que a liberdade de escolha do fornecedor de energia para todos os brasileiros reduziria a conta de luz e fomentaria a concorrência. A Abraceel estima uma economia total anual de R$35,8 bilhões por ano se comparar o que as unidades conectadas na baixa tensão pagam no mercado cativo com os preços praticados no ambiente de livre.

“Hoje uma boa parcela da conta de luz do ambiente regulado é composta por subsídios. Existe uma paridade de encargos entre os dois mercados, livre e cativo. Então, nada mais justo que o consumidor escolha a melhor opção, conforme sua necessidade e preferência”, concluiu João Carlos Mello, CEO da Thymos Energia.

O mercado livre é o principal ambiente onde as empresas geradoras estão alocando os novos projetos de geração solar centralizada. Até fevereiro de 2024, o Brasil tinha 145 GW de projetos de geração solar outorgados pela Aneel, segundo levantamento realizado pela Greener. Dessa oferta, 125 GW são de projetos com construção ainda não iniciada, dos quais 123 GW estão no mercado livre.

Apesar dos desafios, os contratos no mercado livre têm viabilizado grandes projetos de geração solar centralizada, como o recém inaugurado Mendubim, no Rio Grande do Norte.

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