Em um cenário energético cada vez mais voltado para a sustentabilidade, o Nordeste e o Rio Grande do Sul emergem como protagonistas, demonstrando não apenas a viabilidade, mas também a competitividade no desenvolvimento de parques híbridos. Um estudo recente revelou que essas regiões se destacam pelo custo atrativo para a produção de hidrogênio, um passo significativo rumo à transição energética.
Além disso, o estudo posiciona o Brasil como um dos potenciais polos mundiais para a produção e comércio de produtos power-to-x (PtX) e destaca que tanto o hidrogênio, quanto os produtos PtX devem ser destinados a setores-chave, como indústria, navegação e aviação, já que nesses segmentos a eletrificação direta ou uso de biometano de biomassa residual não se apresentam como a melhor alternativa. Outro ponto positivo do Brasil neste cenário é o avanço na certificação do H2.
NE e RS em destaque
O Nordeste e o Rio Grande do Sul têm se destacado não apenas pela abundância de recursos naturais, mas também por sua infraestrutura favorável e políticas de incentivo ao desenvolvimento energético sustentável. A combinação desses fatores vem impulsionando a implantação de parques híbridos, que combinam fontes renováveis como eólica e solar com produção de hidrogênio, oferecendo uma solução versátil e eficiente para o fornecimento de energia.
Os custos
O estudo, realizado por especialistas do setor, destacou que o custo de produção de hidrogênio nessas regiões é significativamente mais baixo em comparação com outras partes do país. Esse baixo custo não apenas torna os parques híbridos mais atrativos do ponto de vista econômico, mas também reforça o compromisso do Brasil com a transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável. Enquanto nessas regiões os valores giram em torno de US$ 2,66 por Kg do insumo, em outros estados, como SC, PR e SP, esse custo chega a US$ 5,56 por Kg.
Condições favoráveis
Além disso, a disponibilidade de infraestrutura e mão de obra qualificada nas regiões do Nordeste e do Rio Grande do Sul contribui para o desenvolvimento e a operação eficientes desses projetos. Com uma combinação única de recursos naturais e condições favoráveis, essas regiões estão posicionadas como líderes no setor de energia renovável e no impulsionamento da economia verde no país.
À medida que o mundo busca soluções para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e da segurança energética, o Nordeste e o Rio Grande do Sul são exemplos inspiradores de como a inovação e o compromisso podem transformar os desafios em oportunidades. Com uma abordagem proativa para a transição energética, essas regiões estão pavimentando o caminho para um futuro mais sustentável e próspero para o Brasil e além.
Os principais insights do estudo
1 – Recursos Renováveis: grande disponibilidade de renováveis, distribuição e complementariedade dos recursos renováveis e uso do H2 para flexibilidade.
2 – Eletrificação, energiarenovável, H2: a eletrificação é fundamental na descarbonização, mas em certas aplicações, como nos setores industrial e de transporte, dependerá também do hidrogênio, além do biometano.
3 – Infraestrutura: o H2 requer reforços da infraestrutura (grid e gasodutos), adequação de portos. PtX deve fazer parte do planejamento energético.
4 – Hidrogênio Fóssil + CCS: O H2 fóssil + CCS poderá ser uma tecnologia ponte no Brasil, mas é preciso evitar strand assets e vazamentos de metano e H2.
5 – Setor de transportes: os biocombustíveis são a principal estratégia brasileira para descarbonização do setor de transportes. H2 pode ter mercado de nicho.
6 – Bioenergia: haverá espaço no mercado para o CO2 biogênico para a produção de PtX. Brasil deve se beneficiar se manter as emissões residuais baixas.
7 – Setores Industriais: o Brasil pode ampliar e modernizar a sua indústria a partir do H2 e exportar produtos verdes de maior valor agregado.
8 – Planejamento Integrado: É preciso abordar o desenvolvimento da indústria de H2 a partir de um planejamento integrado de diversos setores – indústria, energia, transportes, infraestrutura – com avaliação social e ambiental.
9 – Financiamento: a produção de hidrogênio deve ser vista não apenas como uma questão energética, mas também climática, de modo a abrir caminho para uma combinação de instrumentos de financiamento.
10 – Mercado Externo: o Brasil pode exportar produtos com valores competitivos ao mercado europeu e asiático, apesar das distâncias.
11 – Certificação: O Brasil já avançou na certificação do H2. É preciso discutir globalmente os modelos de certificação, com a opção de certificação tecnologicamente neutra.
12 – P&D&I: O Brasil tem um grande histórico de P&D em hidrogênio, é necessário integrar e rastrear os estudos e iniciativas, e desenvolver parcerias internacionais para reduzir a dependência tecnológica.
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