Condomínio residencial em Caxias do Sul/RS é o primeiro do estado a aplicar energia solar fotovoltaica em toda a fachada do prédio

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O condomínio residencial Bosco Esposizione, previsto para ser inaugurado no primeiro trimestre de 2025 em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, será o primeiro edifício do Rio Grande do Sul a aplicar a tecnologia BIPV (Building Integrated Photovoltaics ou Integração Fotovoltaica na Construção Civil), que integra painéis solares diretamente na estrutura de uma edificação, permitindo que o próprio espaço gere energia limpa.

Concebido para ser um projeto boutique com apenas 19 apartamentos, o empreendimento projetado pelo arquiteto Alberto Torres, terá painéis fotovoltaicos no contorno das sacadas da fachada frontal norte e na cobertura. Somados, os equipamentos suprirão o fornecimento de energia na área condominial, deixando de emitir cerca de 15 toneladas de CO² por ano, o equivalente ao plantio anual de 700 árvores adultas.

A energia gerada no edifício vai abastecer as áreas comuns, como academia, salão de festas, sala de jogos, brinquedoteca, piscina coberta e aquecida, áreas de circulação, elevadores e toda a parte que compreende o ambiente de uso comum dos condôminos.

De acordo com a diretora da Construesse Construtora e Incorporadora, Ana Lúcia Sebben, os componentes fotovoltaicos utilizados no ambiente externo da fachada harmonizam-se perfeitamente com a estética do edifício. “Como a arquitetura do prédio é contemporânea, com estilo elegante, lançando mão do concreto aparente, os módulos fotovoltaicos possibilitam essa composição e integração como elementos estéticos, agregando beleza à economia de energia. O acabamento das placas fotovoltaicas combina com o padrão único e exclusivo do Bosco Esposizione”, afirma Ana.

Ainda de acordo Sebben, o projeto foi concebido para ser uma construção sustentável, tendo como preocupação, minimizar os custos para quem estiver vivendo no prédio. “Um dos benefícios com a geração própria de energia é reduzir as despesas condominiais, considerando o tamanho da unidade e a localização do edifício”, destaca Ana.

Mercado de BIPV no mundo e integração dos painéis solares

De acordo com dados da Precedence Research, empresa especializada em pesquisa e consultoria, o tamanho do mercado global de construção fotovoltaica integrada foi de US$ 23,18 bilhões em 2023 e estima-se que atinja cerca de US$ 143,99 bilhões até 2032, impulsionado pela preocupação com a sustentabilidade e a busca por fontes de energia renovável. Países como China, Estados Unidos e Alemanha têm liderado esse crescimento, com políticas de incentivo e investimentos em projetos de BIPV. No Brasil, o mercado ainda está em desenvolvimento, mas vem crescendo gradualmente. Com o aumento da conscientização ambiental e a redução dos custos dos painéis solares, a tendência é que o BIPV se torne uma opção cada vez mais viável para edificações no país.

Diferentemente das instalações tradicionais de energia solar que são limitadas aos telhados, o BIPV permite explorar diversas superfícies na integração dos painéis solares, incluindo fachadas, claraboias, grades do prédio, brises, marquises e muito mais, o que permite criar um efeito arquitetônico exclusivo. Isto significa que o BIPV possui dois benefícios em comparação aos sistemas fotovoltaicos comuns: efeito estético e melhor aproveitamento do espaço disponível.

Além disso, o BIPV contribui – para as edificações onde está instalado – na proteção contra os raios do sol, no isolamento térmico, na proteção contra a chuva, no sombreamento parcial de áreas e em substituição às telhas.

Por outro lado, um problema típico dos sistemas BIPV é a perda de energia devido ao aumento da temperatura, uma vez que os módulos geralmente operam perto do envelope do edifício com pouca ventilação. Pensando nisso, a SolarEdge desenvolveu o Sense Connect, que utiliza uma combinação de sensores de temperatura e algoritmos de previsão para detectar altas temperaturas nos conectores, minimizando riscos de incêndio e entregando maior desempenho para o sistema.

Mesmo assim, aliar uma geração energética proveniente de uma fonte limpa e renovável a uma edificação que precisa se beneficiar das vantagens proporcionadas pelo uso da energia solar, é a combinação ideal para torná-la uma edificação de energia quase zero (NZEB – Nearly Zero Energy Building), ou seja, autossuficiente em energia.

De acordo com Silvana Silvestre, arquiteta e responsável pela Gestão de Relacionamento da Greener, empresa de assessoria e inteligência de mercado com foco no setor fotovoltaico, é relevante para o balanço de Net Zero que o projeto arquitetônico seja concebido contemplando a integração com o sistema fotovoltaico. “Nesse modelo, os elementos fotovoltaicos são integrados à edificação, tornando-se componentes multifuncionais da construção civil, não apenas gerando energia, mas apresentando funções de desempenho arquitetônico e estético”.

Ainda segundoa executiva, no BIPV, podem ser integrados módulos convencionais, mas existe uma tendência para integração estética. “Já há o emprego de módulos diferenciados como os flexíveis, com texturas, personalizados e integrados a sistemas solares fotovoltaicos inteligentes, que ampliam a composição formal”, destaca.

É importante ressaltar, no entanto, que painéis tradicionais também podem ser utilizados nessa integração. “Não é preciso recorrer apenas aos filmes finos ou outras tecnologias mais caras. Uma das aplicações mais frequentes de BIPV, inclusive, é na substituição de coberturas de garagem e de estacionamentos. Além de gerar energia limpa e renovável, os painéis produzem sombra e proteção para os veículos”, afirma o country manager da SolarEdge, Juliano Pereira.

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