Governo do Ceará assinou nesta semana o sexto pré-contrato para produção de hidrogênio e amônia verdes no complexo industrial do Pecém. O mais recente acordo foi firmado entre o Complexo do Pecém e a empresa de origem francesa Voltalia do Brasil. A projeção de investimento é de US$ 3 bilhões, com expectativa para geração de 5 mil empregos na fase de implantação do empreendimento, que será estabelecido no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).
Até o momento, foram assinados outros cinco pré-contratos, AES, Casa dos Ventos, Cactus Energia, Fortescue e uma outra empresa que pediu sigilo, e 36 Memorandos de Entendimento (MoU), todos com o objetivo de produzir e também exportar hidrogênio verde.
“Nós queremos agora ter o chamado FID, que é a decisão final do investimentos. Dessas todas [com pré-contratos] a que está mais próxima, pelo que temos acompanhado é a Fortescue, multinacional australiana da mineração e que inclusive tem trabalhado muito em conjunto conosco buscando viabilizar essa primeira planta. Recentemente, ela citou especificamente o projeto no Brasil, entre mais de cem projetos no mundo, como um dos cinco prioritários”, disse à pv magazine o secretário-executivo de Indústria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Ceará, Joaquim Rolim. Ele cita que, globalmente, há cerca de US$ 570 bilhões de investimentos anunciados em projetos de hidrogênio verde, mas apenas 7% a 12% têm a decisão final de investimento.
Enquanto uma série de fatores externos pode influenciar essa decisão, o governo estadual está empenhado em defender incentivos para os projetos, além das condições especiais ofertadas pelos estados, como por exemplo a implementação de um mercado de crédito de carbono que poderia gerar uma receita adicional e cobrir o gap de produção entre o hidrogênio verde e o hidrogênio cinza, aquele produzido com fontes fósseis. Outra possível política seria a determinação de uso de subprodutos do hidrogênio verde em indústrias estratégicas, como os fertilizantes de amônia verde.
Novos pré-contratos
“Tenho trabalhado para viabilizar a infraestrutura e a logística para atrair essas empresas para o Porto do Pecém. Cada memorando que se consolida como um pré-contrato assinado confirma que nosso projeto de fortalecer ainda mais o setor de energias renováveis está no caminho certo”, disse o governador Elmano de Freitas, que participou da cerimônia de assinatura do pré-contrato com a Voltalia.
“Cada memorando que se converte em pré-contrato é uma confirmação de que nosso projeto é robusto e tem muito potencial. Vamos continuar trabalhando para que mais pré-contratos saiam durante este ano de 2024”, afirma Hugo Figueirêdo, presidente do Complexo do Pecém.
Para o presidente da ZPE Ceará, Hélio Winston Leitão, a assinatura de mais um pré-contrato é um passo importante para a consolidação do Hub de Hidrogênio Verde. “Nosso maior desafio é concretizar esses grandes investimentos e consolidar o estado do Ceará como referência nesse mercado da economia verde. Com o pré-contrato, a Voltalia garante uma reserva de área no Setor 2 da ZPE e pode dar sequência aos próximos passos para a obtenção das respectivas licenças necessárias para a efetiva implementação do projeto”, comenta.
Atualmente, a Voltalia do Brasil opera mais de 1.500 MW de parques eólicos e solares, concentrados principalmente na região Nordeste.
“Acreditamos firmemente que o Porto de Pecém pode ser um vetor para o sucesso deste novo mercado, podendo proporcionar uma infraestrutura e logística favoráveis para o desenvolvimento dessa indústria promissora”, pontuou o diretor da Voltalia para a América Latina, Robert Klein.
Novos MOUs à caminho
Na última quarta-feira (10/04), os secretários-executivos George Dantas e Joaquim Rolim, acompanhados por técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), receberam o Head LATAM, Armando Gomez; o gerente de Desenvolvimento de Negócios, Diego Hernandez; e a gerente comercial Hanne Reis, todos da X-ELIO, a qual é especializada no desenvolvimento de projetos solares fotovoltaicos em larga escala.
Atualmente, a X-ELIO está engajada no desenvolvimento de um projeto de geração de energia solar próximo ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). Nesse contexto, os representantes da empresa expressaram interesse em compreender a perspectiva do Governo do Ceará em relação aos investimentos no setor de energia renovável, além de discutir possíveis colaborações para o avanço sustentável da região. Na ocasião, destacaram também a intenção de explorar oportunidades de investimento no desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde (H2V) no CIPP.
Segundo Diego Hernandez, há dois anos, os investidores vêm observando as oportunidades no Ceará e acompanhando o processo de desenvolvimento do Hub, particularmente do CIPP, como um centro de desenvolvimento para o H2V. “Há seis meses, começamos a trabalhar conjuntamente com um player local para o desenvolvimento de um projeto de energia limpa, energia solar, para os projetos produtores de hidrogênio verde. Nós já estamos com licença prévia e desenvolvendo a primeira fase do projeto de geração de 400 MW. Vamos iniciar o desenvolvimento da segunda fase, e o projeto pode chegar até 1,2 GW”, destacou.
Para Hernández, a ideia é iniciar as tratativas com o Governo do Ceará e com a SDE para a assinatura de um Memorando de Entendimento (MOU) e para a análise de como a empresa poderá contribuir com o ecossistema. “A intenção é desenvolver o projeto, obtendo o maior proveito não só para nós, como investidores, mas para o setor no estado do Ceará. Queremos trazer um pouco da experiência que temos fora do país para complementar a perspectiva dos players que estão aqui no Ceará”, disse.
Segundo as estimativas de Hernandez, uma usina de 400 MW poderia gerar três mil empregos diretos e indiretos, e o investimento, ser superior a R$1 bilhão.
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