O estudo Renewable Capacity Statistics 2024 divulgado nesta quarta-feira (27/03) pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) mostram que 2023 estabeleceu um novo recorde na implantação de energias renováveis no setor de energia, atingindo uma capacidade total de 3.870 GW globalmente. As renováveis representaram 86% das adições de capacidade mas, no entanto, esse crescimento está distribuído de forma desigual em todo o mundo, indicando uma uma grande distância de triplicar a meta de energia renovável até 2030.
A expansão de 473 GW de energias renováveis foi liderada mais uma vez pela Ásia, que concentrou 69% da expansão (326 GW). Esse crescimento foi impulsionado pela China, cuja capacidade aumentou 63%, chegando a 297,6 GW. Isto reflete um abismo gritante em relação a outras regiões, deixando para trás a grande maioria dos países em desenvolvimento, apesar das enormes necessidades econômicas e de desenvolvimento. Embora a África tenha visto algum crescimento, esse avanço perdeu força em comparação com um aumento de 4,6%, atingindo uma capacidade total de 62 GW.
O diretor-geral da Irena, Francesco La Camera, afirmou que “este aumento extraordinário na capacidade de geração renovável indica que as energias renováveis são a única tecnologia disponível para escalar rapidamente a transição energética alinhada com os objetivos do Acordo de Paris. Por outro lado, os dados também servem como um sinal revelador de que o progresso não está se movendo rápido o suficiente para adicionar os 7,2 TW necessários de energia renovável nos próximos sete anos, de acordo com o Cenário de 1,5°C do World Energy Transitions Outlook da Irena”.
“Intervenções políticas e uma correção de curso global são urgentemente necessárias para superar efetivamente as barreiras estruturais e criar valor local nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, muitas das quais ainda são abandonadas nesse progresso. Os padrões de concentração tanto na geografia quanto na tecnologia ameaçam intensificar a divisão de descarbonização e representam um risco significativo para atingir a meta de triplicar”, relatou La Camera.
Para a China, a crescente competitividade da energia solar e eólica em relação à geração de energia a carvão e gás tornou-se o principal motor do desenvolvimento de energia renovável. Entretanto, na União Européia, uma maior ênfase política e a crescente preocupação sobre a segurança energética tornaram-se os principais catalisadores do crescimento, para além da competitividade em termos de custos das energias renováveis face às alternativas aos combustíveis fósseis.
Outras regiões que tiveram expansão significativa foram o Oriente Médio, com alta de 16,6%, e a Oceania, com alta de 9,4%. Os países do G7 como grupo aumentaram 7,6%, adicionando 69,4 GW no ano passado. Os países do G20, por outro lado, aumentaram sua capacidade em 15%, chegando a 3084 GW até 2023. No entanto, para que o mundo atinja mais de 11 TW para a meta de triplicar é necessário que apenas os membros do G20 atinjam 9,4 TW de capacidade de energia renovável até 2030.
Com a energia solar continuando a dominar a expansão da capacidade de geração renovável, o relatório ressalta que a disparidade de crescimento não afetou só a distribuição geográfica, mas também a implantação de tecnologias. A energia solar foi responsável por 73% do crescimento renovável no ano passado, atingindo 1.419 GW, seguida pela eólica com 24% de participação na expansão renovável. Só a China adicionou 216,9 GW à expansão total.
O Cenário de 1,5°C da IRENA recomenda uma ampliação maciça de financiamento e uma forte colaboração internacional para acelerar a transição energética, colocando os países em desenvolvimento como total prioridade. São necessários investimentos em redes elétricas, geração, flexibilidade e armazenamento. O caminho para triplicar a capacidade de energia renovável até 2030 requer um fortalecimento das instituições, políticas e habilidades.
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