Boom da eletromobilidade no país atrai fabricação nacional e amplia malha de eletropostos

Boom da eletromobilidade no país

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De acordo com especialistas e empresas ouvidos pela pv magazine, 2024 tem tudo para ser o ano dos veículos elétricos e do ecossistema associado à eletromobilidade no Brasil, abrindo uma nova frente de crescimento para empresas que atuam da geração solar. A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) espera um aumento de 60% nos emplacamentos deste ano sobre os números de 2023 – que chegaram a 93.927 unidades, batendo o recorde da série histórica, superando as previsões mais otimistas e chegando em 150 mil unidades comercializadas.

As vendas de veículos leves eletrificados (PHEV+BEV+HEV) cresceram em todas as regiões do país em 2023, acima de 50% sobre o ano anterior. O Sudeste continuou liderando o crescimento das vendas, que aumentaram 101%, mas o Nordeste também teve desempenho expressivo (91%), seguido pelo Sul (82%), Centro-Oeste (73%) e Norte (67%).

No acumulado, a região Nordeste teve 11.788 emplacamentos em 2023 (contra 6.175 em 2022), indicando que a eletromobilidade deixa de ser um fenômeno dos estados do Sudeste e começa a se espalhar por todo o país. Apenas quatro estados tiveram aumento de emplacamentos inferior a 50% em relação a 2022.

Em entrevista para a pv magazine, o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, o mercado de eletrificados seguirá num ritmo intenso mesmo com o aumento do imposto de importação anunciado pelo governo federal a partir de janeiro. Ainda segundo o executivo, o setor de eletromobilidade deve ser beneficiado a partir da fabricação nacional de veículos eletrificados em novas fábricas das gigantes chinesas GWM e BYD.

Reforço da infraestrutura de postos de recarga e sinergia com energia solar

Com o crescimento da frota de eletrificados, é preciso impulsionar ainda mais a malha dos postos de recarga no país. O número de eletropostos públicos cresceu 28% no Brasil entre janeiro e agosto do ano passado, de acordo com dados da ABVE/Tupinambá. Em dezembro de 2022, o país contava com 2.955 pontos de recarga e fechou 2023 com 3.800. A estimativa da entidade para esse ano é que esse número de postos públicos ou semipúblicos chegue a 10 mil unidades.

Segundo o presidente da ABVE, “vemos o crescimento da malha de eletropostos e pontos públicos de recarga rápida, bem como da infraestrutura de prédios e casas com o crescimento da autogeração de energia, sobretudo com sistemas de energia solar. As pessoas se perguntam ‘o que que eu posso melhorar o meu consumo de energia?’. E o carro é um grande instrumento, até porque abastecer um carro a combustão hoje não é barato”, comenta o executivo.

O crescimento do mercado de VEs e das estações de recarga criam oportunidades adicionais para o setor de energia solar. Portanto, os integradores de sistemas fotovoltaicos podem capitalizar esse crescimento, não apenas oferecendo soluções de geração de energia solar, mas também incluindo a aquisição e instalação de carregadores veiculares em seu portfólio de serviços.

A Voolta, uma spin-off da integradora mineira especializada em energia fotovoltaica, a SolarVolt, pretende dobrar o número de carregadores veiculares comercializados, com faturamento esperado em torno de R$ 5 milhões com foco em instalações residenciais, concessionárias de VEs e eletropostos. A empresa enxerga o fornecimento de carregadores como uma oportunidade para ampliar sistemas solares já instalados.

Outra empresa do segmento, a Ecos Energia Solar, aposta no crescimento do mercado solar e da eletromobilidade e está pronta para disseminar os postos de recargas de veículos elétricos no país.

Já a VoltBras, empresa brasileira de gestão de postos de carregamento de VEs, que transacionou a primeira cobrança de recarga do Brasil em 2021, espera mais do que triplicar o faturamento este ano. Em sua atuação regional, a empresa também é responsável pela gestão de postos de carregamento em seis outros países da América Latina, como Argentina, Uruguai, Bolívia, México, Panamá e Guatemala, por meio de um portfólio de clientes formado por empresas como Green Yellow, EDP, Ipiranga e Multiplan.

Especializada em soluções de recarga para veículos elétricos, a NeoCharge estima crescimento de 200% em 2024 e se prepara para lançar novos carregadores Wallbox, indicados para gestão de consumo em áreas compartilhadas, por exemplo, e de recarga rápida. De acordo com o diretor da empresa, Rodrigo Carrau, explica que “a empresa nasceu praticamente junto à NeoSolar, distribuidora de soluções fotovoltaicas off grid, que vislumbrou, lá atrás, a integração de geradores fotovoltaicos e carros elétricos como forma de melhorar o payback. A economia no ‘abastecimento’ dos carros elétricos pode chegar quase a 80% quando comparado com veículos à combustão”.

Conhecida nacionalmente pelas câmeras de segurança, interfones de condomínios, entre outros produtos de tecnologia, comunicação e energia, a unidade de eletromobilidade da Intelbras deve crescer 170% em 2024. A partir dos resultados de provas de conceito junto a parceiros, a empresa espera lançar a linha de carregadores rápidos DC neste ano e aproveitar a sinergia com outras soluções de seu portfólio de produtos.

A empresa vê uma real possibilidade de integrar outras soluções da Intelbras a oferta de mobilidade elétrica. Em uma região mais remota, por exemplo, é necessário ter o mínimo de infraestrutura e segurança e nesse caso, há uma sinergia com a oferta de outras soluções da empresa como sensores, câmeras, acesso à conectividade, sistema de pagamento, entre outros, para garantir a gestão correta desses postos de carregamento.

Fabricação nacional deve acelerar a mobilidade elétrica

O Brasil possui a sexta maior frota automotiva e uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta, o que torna a fabricação local de carros elétricos ainda mais estratégica para as montadoras chinesas. GWM e BYD, especializadas em carros elétricos, já anunciaram seus planos de inaugurar duas fábricas este ano, em busca da isenção impostos e com foco na exportação para a América Latina.

A primeira das fábricas chinesas a sair do papel será a da GWM, em Iracemápolis (SP). A planta pertencia à Mercedes-Benz e está sendo adaptada a um custo de R$ 4 bilhões. A ideia é dar início à produção de um SUV eletrificado da linha Haval ainda este ano.

Já a BYD está investindo mais de R$ 3 bilhões em um complexo fabril em Camaçari (BA), onde ficava uma fábrica da Ford desativada em 2021. Com previsão de início da operação no segundo semestre deste ano, a linha de montagem está sendo preparada para produzir 150 mil carros por ano na primeira fase, podendo chegar a 300 mil unidades. Devem ser geradas 10 mil vagas de empregos diretos e indiretos, o dobro da previsão inicial.  A montadora irá fabricar os modelos elétricos BYD Dolphin e Yuan Plus e o híbrido plug-in Song Plus. Outros modelos também poderão ser fabricados de acordo com o interesse do mercado brasileiro.

Ainda nos planos da empresa estão a oferta de módulos fotovoltaicos, fabricados em Campinas (SP), nas concessionárias, criando um ecossistema completo com a luz do sol gerando a energia para abastecer o veículo elétrico.

De acordo com Bastos, da ABVE, “a fabricação local passa uma mensagem muito forte que ajuda no convencimento do consumidor, que entende que a tecnologia dos eletrificados é real e vai ser produzida aqui no Brasil, com todo o suporte e garantia local”, explica Bastos.

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