A Homerun Brasil Mineração LTDA, subsidiária da empresa canadense Homerun Resources Inc assinou em dezembro acordo com o estado da Bahia para instalar as plantas industriais em áreas da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).
“Iniciaremos as vendas de areia de sílica da Bahia este ano e a fábrica de vidro será projetada este ano para desenvolvimento a partir de 2025”, disse à pv magazine o CEO da empresa, Brian Leeners.”O plano é construir uma instalação de vidro solar na Bahia e estendê-la para a perovskita solar”, adiciona o executivo.
De acordo com o executivo, a base de clientes das fábricas será de indústrias de transição energética incluindo vidro solar, ânodo de silício (para baterias), silício fotovoltaico e perovskita fotovoltaica, tanto no Brasil quanto no exterior.
As necessidades energéticas das fábricas devem ser atendidas por geração solar e hidrogênio verde. “Estamos em discussões para que a fonte da energia seja solar para as necessidades de energia e solar para hidrogênio para os fornos das fábricas de vidro”, diz Leeners.
Inicialmente, a expectativa é que sejam investidos R$ 300 milhões. Entre os projetos, está a instalação de unidades para a exploração de areia industrial em quatro áreas de titularidade da CBPM, situadas em Santa Maria Eterna, no município de Belmonte, no território de identidade Costa do Descobrimento. Os impactos positivos serão percebidos também em Ilhéus, onde será estabelecida uma planta de beneficiamento que transformará a “sílica in natura” em “sílica de alta pureza”, e no Porto de Aratu, em Candeias, em que a Homerun concentrará esforços na fabricação de células solares. A implantação de unidades fabris deve resultar na geração de 1.681 empregos. Os investimentos podem ultrapassar o valor de R$ 1,5 bilhão.
O custo esperado para extrair o material e processar para os clientes variarão de US$ 40,00 a US$ 50,00 por tonelada a depender do uso do porto, de acordo com uma apresentação da empresa, de novembro de 2023. O preço final de um tonelada de sílica de alta pureza varia de US$ 5.000 a US$ 8.000, de acordo com a empresa.
Primeiros acordos de fornecimento
A Homerun celebrou um acordo provisório de fornecimento com uma empresa brasileira de areia de sílica HPQ bruta de seus recursos no Distrito de Areia de Sílica da Bahia, no Brasil. A Homerun está trabalhando para finalizar relações de arrendamento ou propriedade com as duas empresas brasileiras que compartilham a propriedade dos grandes recursos de sílica HPQ no Distrito.
O acordo de fornecimento é respaldado por uma operação com uma permissão anual de até 2,5 milhões de toneladas e um recurso indicado de 95 milhões de toneladas com um teor médio de 99,88% de dióxido de silício (SiO2), 48 partes por milhão (ppm) de ferro (Fe), 160 ppm de titânio (Ti) e 102 ppm de cálcio (Ca) e um recurso medido de 1,8 milhão de toneladas com média de 99,75% de SiO2, 158 ppm de Fe, 521 ppm de Ti e 93 ppm de Ca. Esta encomenda de sílica HPQ será o primeiro fornecimento da Homerun vindo do Distrito e será processada e embarcada a partir de instalações portuárias localizadas em Ilhéus e ou Salvador.
O cliente baseado em São Paulo, não especificado, comprará a matéria-prima por US$ 20 a tonelada e processa a sílica bruta em São Paulo, onde a revende por mais de US$ 150 por tonelada.
Além disso, a companhia também tem um acordo com uma organização governamental do estado da Bahia que possui um recurso de 20 milhões de toneladas, de qualidade semelhante, mas que cobre apenas 10% de suas operações.
O Distrito está localizado a apenas cerca de 50 km da costa e próximo de vários portos ativos nas proximidades, com acesso rodoviário direto e capacidade para transporte adicional de produtos.
Aplicações na indústria fotovoltaica e de baterias e escassez de material
A areia de sílica é um componente chave na produção de painéis solares. Especificamente, a areia de sílica de alta pureza (HPQ) é usada para fazer o vidro solar e é a matéria-prima para as pastilhas de silício, que são o principal componente das células solares. A areia de sílica é purificada e depois derretida em altas temperaturas para formar lingotes, que são então cortados em finas bolachas. Esses wafers são então processados e montados em células solares, que são combinadas em módulos com vidro solar para criar um painel solar.
Como os painéis solares exigem silício de alta pureza, a demanda por areia de sílica HPQ aumentou significativamente nos últimos anos, à medida que a demanda global por energia solar cresceu.
Além das aplicações na indústria fotovoltaica, a areia de sílica HPQ é usada em múltiplas capacidades na produção de baterias de íons de lítio, que são comumente usadas em dispositivos eletrônicos portáteis, veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia. Especificamente, a sílica é usada como material de revestimento para os eletrodos da bateria. O revestimento de sílica ajuda a melhorar a estabilidade e o desempenho da bateria, aumentando a eficiência e prolongando a vida útil. Além do revestimento do eletrodo, a sílica também é usada como material separador em baterias de íon-lítio. A sílica em silício agora está sendo utilizada em ânodos de silício híbrido e puro.
À medida que a procura por veículos eléctricos e sistemas de armazenamento de energia renovável continua a crescer, também aumenta a procura por areia de sílica de alta qualidade para utilização em baterias de iões de lítio. Portanto, a areia de sílica está se tornando um recurso cada vez mais importante na transição para um futuro energético mais sustentável.
Um estudo do Banco Mundial revelou que a indústria da areia de silício tem contraído nos últimos dois anos devido à falta de sílica. É provável que esta escassez continue à medida que a procura de areia de silício na China cresce exponencialmente. Na verdade, o país consome cerca de 50% da areia siliciosa mundial. Os fabricantes também foram forçados a mudar para outros materiais, como vidro e alumínio, o que pode ter um efeito adverso no seu desempenho.
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