Durante reuniões multilaterais em Davos, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu, nesta quarta-feira (17/01), os combustíveis sustentáveis e o avanço da transição energética. Representando o Brasil nos encontros, Silveira defendeu o mandato para hidrogênio, combustível sustentável de aviação e diesel verde de países desenvolvidos para estimular a produção desse produto na América Latina.
Para o ministro, os incentivos e subsídios dados pelos países ricos não são suficientes para promover a transição energética em nações emergentes e chamou atenção em relação ao subsídio a países em desenvolvimento. “Países desenvolvidos devem financiar a transição criando demanda. Além da questão da sustentabilidade, essa economia não pode deixar de ser capitalizada pelos países em desenvolvimento”, afirmou Silveira durante a participação na reunião.
Na terça-feira (16/01) durante o painel “A Transformação Sustentável do Brasil”, o ministro destacou os avanços do país na política energética, como a contratação de R$ 36 bilhões em linhas de transmissão, a retomada do Programa Luz para Todos – maior programa de inclusão energética do mundo –, o programa Energias para a Amazônia, que vai descarbonizar o “pulmão” do planeta, e projetos de descarbonização da matriz de transportes, além da regulação do hidrogênio verde.
“O Brasil ampliou, no ano passado, o seu parque de geração em 9 GW, sendo 8,4 GW em energia eólica e solar. Portanto, nosso país já é o grande líder da transição energética global. Estamos avançando fortemente na descarbonização do setor de transportes e mobilidade. Temos no Brasil o Renovabio, que é um exemplo de estímulo à produção de combustíveis com baixa emissão de carbono. Também aprovamos a ampliação do biodiesel de 10% para 14% no diesel. Nós sabemos que a grande vocação do país, além de o grande celeiro de alimentos para a humanidade, é também ser o grande celeiro de energias limpas e renováveis”, destacou.
Silveira citou o programa Luz Para Todos, que até 2026, pretende levar energia elétrica para 100% das residências brasileiras.
Estes avanços, segundo o ministro, tornam o Brasil ainda mais atrativo para investimentos internacionais. Silveira ressaltou, também, que o país voltou a ter gestão pública, a dialogar e fazer a boa política com o mundo e a discutir os problemas reais da população.
“O Brasil está preparado para receber investimentos internacionais. Nós temos superávit de energia limpa e renovável, temos, no Nordeste brasileiro, um grande potencial para que indústrias se instalem para poder produzir efetivamente produtos verdes e exportar, desta forma, a sustentabilidade. As políticas energéticas do Brasil estão tendo um olhar muito minucioso do presidente Lula, que reconhece uma grande oportunidade. Vamos reindustrializar o Brasil, produzindo e manufaturando estas riquezas no país, gerando emprego e renda, oportunidades e cumprindo o grande propósito do nosso governo, que é combater a desigualdade, gerar e construir sociedade mais justa, fraterna e mais igual”, ressaltou.
G20 e COP 30
Também na cúpula, o diretor executivo da Agência Internacional de Energia (IEA), Fatih Birol, reconheceu o protagonismo brasileiro assumido em 2023 na transição energética, durante o seminário promovido pelo governo suíço em Davos. O evento contou com a participação do ministro Alexandre Silveira. Segundo o diretor da Agência, o Brasil está no centro dos assuntos energéticos globais e poderá compartilhar sua expertise com o resto do mundo.
Fatih Birol destacou que o G20 de Energia, cuja presidência foi assumida pelo Brasil no final do ano passado, será uma grande oportunidade para o país assumir e mostrar seu papel de destaque e chamar a atenção do mundo para a importância em se investir na transição energética.
“Agora, temos o G20 e a COP chegando no Brasil e isso é um palco, esse é um papel que o Brasil já merecia, mas por alguns motivos ainda não havia conseguido. Admiro no Brasil a sustentabilidade. A sensibilidade ambiental é algo que está no DNA do povo brasileiro, no seu sangue. Você não precisa dar palestras, não precisa dar aulas nas escolas. Está no sangue deles a sustentabilidade”, afirmou.
O diretor da IEA virá ao país em fevereiro para trocar experiências com o governo brasileiro. Ainda segundo o diretor, a bioenergia pode contribuir para a descarbonização do sistema energético global para muitos países de forma economicamente viável, reduzir o custo e diminuir as emissões, assim como faz o Brasil.
“Uma das minhas expectativas do G20 brasileiro, na minha humilde expectativa, e da COP 30 é reunir os países para encontrar mecanismos para criar mercados para a bioenergia no mundo todo e que as pessoas entendam que a bioenergia pode ser de fato muito útil para a economia e para a descarbonização”, finalizou.
Durante o painel, Alexandre Silveira afirmou que o Brasil tem “autoridade” para cobrar dos países industrializados o compromisso de investirem na transição energética. Segundo ele, o Brasil já fez a transição energética e construiu, ao longo de décadas, estabilidade regulatória reconhecida no mundo, respeitando contratos e tendo conquistado estabilidade política e social. Alexandre Silveira destacou, inclusive, que a presidência brasileira no G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e mais a União Europeia, é uma grande oportunidade para o país pautar e defender a transição energética justa e inclusiva.
“O G20 será uma grande oportunidade para o Brasil, para que a transição energética seja vista como uma transição que leve em consideração, além da questão da sustentabilidade, que é fundamental e imprescindível, leve a questão econômica e o combate à desigualdade. Acredito que o G20 nos dará a oportunidade de mais de uma vez destaco de alertar, de fazer uma cobrança terna, mas severa dos países industrializados e dos países ricos que reiteradamente se comprometem em investir em transição energética, em investir em emissão de baixo carbono, mas que esse discurso está muito distante de se tornar uma realidade”, finalizou Silveira.
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