Eletromobilidade avança e deve ganhar impulso com a fabricação de VEs no Brasil

Eletromobilidade avança e ganha impulso com a fabricação de VEs no país

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Em entrevista à pv magazine, o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos, disse que a associação espera um aumento de 60% nos emplacamentos deste ano sobre os números de 2023 – que chegaram a 93.927 unidades, batendo todos os recordes da série histórica, superando as previsões mais otimistas e chegando em 150 mil unidades comercializadas. Além disso, o setor de eletromobilidade deve ser beneficiado a partir da fabricação nacional de veículos eletrificados em novas fábricas das gigantes chinesas GWM e BYD, além de tendências como o crescimento da malha de eletropostos e pontos públicos de recarga rápida, entre outros.

De acordo com Bastos, o mercado de eletrificados seguirá num ritmo intenso mesmo com o aumento do imposto de importação anunciado pelo governo federal a partir de janeiro. “Neste primeiro momento, os fabricantes de veículos elétricos não devem repassar o aumento do imposto ao consumidor e apostarão em promoções ou oferecer taxas zero de juros e boas condições de financiamento. Ou seja, esse aumento de preço se dilui nas prestações. Além disso, o próximo aumento – entre 20% e 25% – já é conhecido por todos e está agendado para junho. Dessa forma, ainda com estoques a preços menores, os fabricantes só sentirão o impacto real no fim do ano”, explica.

Prova disso é que a fabricante chinesa GWM, anunciou na última sexta-feira (05/01) que seu modelo 100% elétrico, o ORA 03 Skin, será vendido com o preço sem aumento de imposto e taxa de juros zero para a opção de financiamento com 50% de entrada e 24 parcelas com a possibilidade de incorporar a compra de um carregador Wallbox WEG ao financiamento. A promoção inclui ainda a recarga grátis durante o ano de 2024 em mais de 1.000 postos em todo o Brasil, por meio de vouchers.

Gigantes chinesas apostam em fabricação local

De acordo com o presidente da ABVE, tanto a GMW quanto a BYD devem acelerar os planos de fabricação nacional de veículos elétricos em busca da isenção impostos e com foco na exportação para a América Latina.

Enquanto a GMW se prepara para aproveitar a antiga fábrica da Mercedes-Benz, em Iracemápolis, interior de São Paulo, para fabricação local com lançamento previsto para 01/05, em breve a BYD deve começar a instalar sua infraestrutura de produção na fábrica desativada pela Ford, em Camaçari, na Bahia, com previsão de lançamento no início de 2025.

“A fabricação local passa uma mensagem muito forte que ajuda no convencimento do consumidor, que entende que a tecnologia dos eletrificados é real e vai ser produzida aqui no Brasil, com todo o suporte e garantia local”, explica Bastos.

Infraestrutura de carregamento de VEs no país

O crescimento da participação de mercado de veículos eletrificados impulsionou o avanço dos postos de recarga no país. O número de eletropostos públicos cresceu 28% no Brasil entre janeiro e agosto, de acordo com dados da ABVE/Tupinambá. Em dezembro de 2022, o país contava com 2.955 pontos de recarga e fechou 2023 com 3.800. A estimativa da entidade para esse ano é que esse número de postos públicos ou semipúblicos chegue a 10 mil unidades.

Para se ter uma ideia dos investimentos que vem sendo feitos em eletropostos, a empresa do grupo Raízen dedicada à área de energia renovável, , anunciou na primeira quinzena de dezembro a aquisição de toda a rede de recarga de veículos elétricos da startup Tupinambá Energia. O investimento na companhia começou em 2022, com aporte de R$ 10 milhões e mais recentemente comprou as 204 estações de recarga de carros elétricos da Tupinambá no Brasil. Os pontos são de corrente alternada (AC) e fazem parte da estratégia da empresa de expandir sua rede de eletropostos, que já reúne aparelhos de carga rápida (DC).

Segundo a Raízen, a ideia é aumentar a rede de recarga de veículos elétricos para mais de 600 pontos adicionais, de 7,4 a 22 kW de potência, a médio prazo. A empresa já tem planos estabelecidos de instalação de novos pontos em estados do Sul, Centro-oeste e Nordeste.

A eletromobilidade no Brasil se concentra massivamente no estado de São Paulo, com participação de 35% dos emplacamentos (17.349, sobre o total de 49.052), até agosto do ano passado. A ABVE indica que Rio de Janeiro e Santa Catarina, ocupam a segunda e a terceira posição, com 3.749 e 3.374 emplacamentos, respectivamente, no período.

Apesar da concentração nas capitais, cidades como Anápolis/GO (1.396) e Campinas/SP (1.067) ocupam o 6º e 7º lugar no ranking das 30 cidades com maior número de emplacamentos de carros elétricos no período.

Tendências para o mercado de eletromobilidade no Brasil

Além da fabricação nacional de veículos eletrificados, de acordo com o presidente da ABVE, outras tendências devem fortalecer ainda mais o mercado no Brasil.  “Vemos o crescimento da malha de eletropostos e pontos públicos de recarga rápida, bem como da infraestrutura de prédios e casas com o crescimento da autogeração de energia, sobretudo com sistemas de energia solar. As pessoas se perguntam ‘o que que eu posso melhorar o meu consumo de energia?’. E o carro é um grande instrumento, até porque abastecer um carro a combustão hoje não é barato”, comenta o executivo.

Outras empresas vêm inovando na questão de seguros para VEs. O mercado segurador vem aos poucos se adequando aos modelos de veículos eletrificados, incluindo a oferta das mesmas coberturas já disponibilizadas aos veículos movidos a combustão, além de desenvolver novos serviços e coberturas específicas para as baterias, por exemplo, já que elas representam grande parte dos custos atuais do seguro.

“Os fabricantes vêm trabalhando junto às seguradoras para assumir os riscos das baterias. Porque mesmo nos casos de uma grande colisão com danos à bateria, o equipamento não precisa ser reciclado automaticamente, já que é possível substituir as células danificadas. As baterias dos VEs não devem ser um fator de preocupação e os consumidores aos poucos passam a entender que elas são um componente do carro, como um motor, e que se houver necessidade de troca ou substituição, isso será feito dentro de condições equilibradas, seja no seguro ou na garantia dos fabricantes”, explica.

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