Um estudo realizado pela consultoria BloombergNEF (BNEF), revelou que líderes mundiais têm intensificado o comprometimento para triplicar a capacidade global instalada de energia renovável até 2030, atingindo aproximadamente 11 TW, e assim caminhar rumo a meta de emissões líquidas zero até 2050. A previsão da BNEF mostra que a energia solar está no caminho certo para alcançar a meta, mas a necessária expansão da energia eólica exige uma ação conjunta de líderes dos setores públicos e privados.
Sob o título “Triplicar as Energias Renováveis Globais até 2030: Difícil, Rápido e Realizável” (na tradução livre para o português), o relatório reconhece os desafios, destacando a necessidade de duplicar a taxa de investimento em energias renováveis para uma média de US$ 1,1 trilhão por ano entre 2023 e 2030, em comparação com os US$ 564 bilhões investidos em 2022.
As previsões da BNEF, que refletem as instalações esperadas com base nos atuais desenvolvimentos econômicos, tendências, pipelines de projetos e medidas políticas, atualmente ficam aquém dessas expectativas, embora as energias eólica e solar sejam as fontes mais baratas de nova geração de energia na maioria dos países.
A previsão da BNEF afirma que um mundo em rápida descarbonização que é excessivamente dependente da geração de energia solar, enquanto triplica a capacidade de energias renováveis, não verá o mesmo impacto na geração de eletricidade, nem na reduções de emissões.
“A energia solar é barata e fácil, e o mundo poderia triplicar a capacidade de energia utilizando apenas a solar. Mas deixar outras energias renováveis para trás não seria bom para as mudanças climáticas”, disse a especialista em energia solar da BNEF e co-autora do relatório, Jenny Chase.
Isto ocorre porque a geração da energia eólica ocorre em horários do dia diferentes da energia solar, produz mais do que a energia solar no inverno e tem um fator de capacidade mais alto em geral. Há também partes do mundo, como o Norte da Europa, com melhores recursos para energia eólica do que recursos para energia solar.
O cenário “net-zero” da BloombergNEF, que traça um caminho para zero emissões líquidas de carbono até 2050 e mantém o aquecimento global abaixo do 2°C, considera que a energia renovável contribui com 62% para a redução total das emissões até 2030, em comparação com um caminho sem transição. A eletrificação dos setores de uso final, tais como a indústria e o transporte rodoviário, contribui com mais 15% da redução total do carbono.
Para estar em conformidade com o que é necessário, o compromisso proposto pela COP28 deve remover barreiras para o acesso aos desenvolvedores de energia renovável, possibilitar leilões competitivos e incentivar contratos corporativos de compra de energia elétrica. Os governos também precisam investir em redes, simplificar a autorização de procedimentos para projetos e garantir que os mercados de energia e serviços auxiliares funcionem para incentivar um sistema de energia flexível que possa utilizar a nova geração.
“As energias renováveis são de baixo custo e o subsídio direto não é mais o que é necessário para acelerar a implantação”, disse a chefe de energias limpas da BNEF e co-autora do relatório, Meredith Annex. “Os governos e os reguladores têm uma janela limitada de tempo para ajudar o setor a entrar nos eixos”.
As contribuições de países individuais para o objetivo mundial serão diferentes. Para os mercados que adotaram anteriormente as energias renováveis, incluindo a China, os EUA e a Europa, triplicar é o objetivo certo para estar no caminho para zero emissões líquidas de carbono. Outros mercados, particularmente aqueles com uma base menor de produção de energia renovável e altos níveis de crescimento de demanda, como Sudeste da Ásia, Oriente Médio e África, precisarão mais do que triplicar a capacidade até 2030. Nestes mercados, a alavancagem de energia renovável barata é fundamental não apenas para a transição energética, mas também para expandir o acesso à energia elétrica para milhões.
Enquanto isto, mercados como o Brasil, que já têm a maior parte de sua energia elétrica proveniente de fontes renováveis ou de baixo carbono, podem contribuir menos para a meta mundial. No entanto, a integração de recursos adicionais de energia renovável ainda será crucial para descarbonizar ainda mais o setor, as construções, o transporte e a agricultura, e para lidar com os 10-30% de emissões finais do setor de eletricidade.
O relatório completo está disponível por meio do link.
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