A geração distribuída não deve ter um crescimento expressivo, como observado nos últimos anos, em 2023. O segmento já adicionou 5,7 GW neste ano, acima dos 4,7 GW instalados em todo 2021 e abaixo dos 8,3 GW adicionados em 2022. Se mantiver o ritmo de instalações observado em 2023 até o final de setembro, uma média de 722 MW por mês, a geração distribuída deve adicionar ao todo 7,4 GW neste ano.
Apesar da desaceleração – uma reação a um conjunto de fatores, incluindo as mudanças nas regras introduzidas pela Lei 14.300 e um cenário de crédito mais restritivo – a geração distribuída ainda tem um enorme potencial de crescimento. Isto porque, de aproximadamente 89 milhões de unidades consumidoras atendidas pelas distribuidoras de energia, “apenas” 3,1 milhões participam do sistema de compensação de créditos de geração distribuída, ou 3,5%.
Uma análise da pv magazine revela como essa participação varia entre estados e áreas de concessão das distribuidoras.
Participação da geração distribuída nas áreas de concessão
Entre as concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica no Brasil, a Cooperativa de Distribuição de Energia Elétrica Castro, ou Castro-Dis, uma cooperativa localizada no Paraná, tem a maior proporção de unidades consumidoras com GD em sua área de atendimento, chegando a mais de 15% – ou 93 de 618. Considerando apenas as concessionárias de distribuição, a empresa com maior adesão proporcional de GD é a Centrais Elétricas do Carazinho, a Eletrocar, que atende 38,4 mil unidades consumidoras no Rio Grande do Sul, das quais 4,2 mil têm créditos de GD, ou 10,9%.
Entre as distribuidoras com mais capacidade acumulada total de geração distribuída, a RGE, do grupo CPFL, que também atende consumidores no Rio Grande do Sul, tem a maior proporção de UC’s com GD. A área de concessão da empresa concentra 1,8 GW de geração distribuída, com créditos para 279,4 mil unidades consumidoras, 9,3% do universo total de 3 milhões de UC’s atendidas.
Na área de concessão da Cemig, distribuidora com mais capacidade acumulada de GD, com 3 GW, essa proporção é de 6,33% – são 622 mil unidades consumidoras que recebem os créditos, de um total de 9,8 milhões. Na Copel, a segunda distribuidora com mais capacidade acumulada, a proporção é de 4,8% – são 252 mil unidades consumidoras, de um total de 5,2 milhões.
Veja a proporção entre as distribuidoras com mais capacidade acumulada de GD:
Distribuidora | Número de UCs | UF | Sistemas de GD | UC’s com GD | Capacidade acumulada (kW) |
GD nas unidades consumidoras (%)
|
Cemig | 9.835.494 | MG | 237.518 | 622.891 | 3.019.832 | 6,33 |
Copel | 5.224.635 | PR | 177.597 | 252.622 | 2.275.037 | 4,84 |
RGE | 3.000.526 | RS | 208.998 | 279.424 | 1.854.753 | 9,31 |
CPFL Paulista | 4.669.674 | SP | 151.248 | 177.317 | 1.441.337 | 3,80 |
Energisa MT | 1.557.764 | MT | 96.556 | 111.532 | 1.425.536 | 7,16 |
Celesc | 3.041.851 | SC | 71.995 | 83.387 | 1.185.934 | 2,74 |
Equatorial GO | 3.130.138 | GO | 90.395 | 115.073 | 1.063.535 | 3,68 |
Coelba | 6.359.992 | BA | 109.642 | 172.298 | 1.005.672 | 2,71 |
E as distribuidoras com maior proporção de unidades consumidoras no sistema de compensação de GD:
Distribuidora | Número de UCs | UF | Sistemas de GD | UC’s com GD | Capacidade acumulada (kW) | GD nas unidades consumidoras (%) |
Castro-Dis | 618 | PR | 82 | 93 | 4.604 | 15,05 |
Cermissões | 27.498 | RS | 3.009 | 3.958 | 27.350 | 14,39 |
Ceraçá | 11.510 | SC | 939 | 1.557 | 19.464 | 13,53 |
Celetro | 23.000 | RS | 2.176 | 2.807 | 17.659 | 12,20 |
CERTHIL | 8.194 | RS | 765 | 990 | 8.229 | 12,08 |
Eeletrocar | 38.432 | RS | 2.791 | 4.210 | 23.915 | 10,95 |
Muxenergia | 11.833 | RS | 750 | 1.199 | 5.500 | 10,13 |
São Paulo abaixo da média nacional
Em São Paulo, por exemplo, estado que lidera a geração distribuída em capacidade instalada acumulada, com mais de 3 GW, apenas 2% das unidades consumidoras no mercado cativo têm acesso aos créditos de GD, ou 416 mil de 20,8 milhões, abaixo da média nacional. Minas Gerais, que tem alternado a liderança com SP neste ano, também acumulando mais de 3 GW instalados, fica acima da média nacional, com uma penetração de 6,28% da GD nas unidades consumidoras.
Por outro lado, o estado do Mato Grosso do Sul, o décimo no ranking de estados com mais capacidade instalada, essa proporção é de 9,7% – ou 112 mil UCs com créditos de GD em um universo de 1,146 milhão de unidades consumidoras no mercado cativo.
UF | Unidades consumidoras | Sistemas | UC’s com GD | Capacidade (kW) | GD nas unidades consumidoras (%) |
MS | 1.146.357 | 80.198 | 112.002 | 896.449 | 9,77 |
RS | 5.166.747 | 278.484 | 377.407 | 2.471.570 | 7,30 |
MT | 1.557.764 | 96.546 | 111.532 | 1.400.071 | 7,16 |
MG | 10.405.834 | 258.670 | 653.048 | 3.168.769 | 6,28 |
TO | 643.502 | 30.691 | 38.574 | 317.710 | 5,99 |
PR | 5.287.526 | 180.845 | 254.134 | 2.292.271 | 4,81 |
PI | 1.304.073 | 41.008 | 59.934 | 421.401 | 4,60 |
GO | 3.167.894 | 91.697 | 116.841 | 1.061.329 | 3,69 |
PA | 2.364.639 | 62.744 | 81.385 | 719.131 | 3,44 |
RN | 1.584.315 | 49.768 | 50.480 | 497.592 | 3,19 |
AL | 1.119.021 | 22.550 | 34.188 | 254.377 | 3,06 |
PE | 4.037.670 | 67.105 | 117.709 | 726.356 | 2,92 |
SC | 3.344.289 | 81.188 | 95.654 | 1.315.862 | 2,86 |
RO | 831.107 | 19.186 | 23.708 | 247.232 | 2,85 |
ES | 1.755.057 | 41.765 | 48.835 | 524.258 | 2,78 |
PB | 1.708.741 | 25.991 | 46.564 | 337.765 | 2,73 |
BA | 6.359.992 | 109.745 | 172.298 | 1.004.149 | 2,71 |
MA | 2.365.546 | 40.008 | 60.376 | 503.000 | 2,55 |
CE | 3.669.240 | 68.498 | 87.028 | 771.151 | 2,37 |
SP | 20.867.484 | 343.871 | 416.954 | 3.216.300 | 2,00 |
SE | 974.693 | 11.307 | 17.812 | 145.382 | 1,83 |
AC | 313.752 | 5.029 | 5.571 | 63.100 | 1,78 |
DF | 1.113.922 | 17.212 | 18.749 | 294.003 | 1,68 |
RR | 175.609 | 1.987 | 2.823 | 36.685 | 1,61 |
RJ | 7.398.614 | 103.053 | 117.816 | 920.747 | 1,59 |
AP | 222.982 | 3.025 | 3.379 | 35.491 | 1,52 |
AM | 1.065.509 | 8.518 | 10.750 | 142.364 | 1,01 |
Total | 89.951.879 | 2.140.689 | 3.135.551 | 23.784.514 | 3,49 |
A análise utilizou dois bancos de dados públicos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Mapa das Distribuidoras, que mostra dados até 2019, e o relatório Unidades com Geração Distribuída.
Cabe lembrar que entre as unidades consumidoras atendidas pelas distribuidoras estão clientes que já poderiam ou poderão em breve migrar para o mercado livre, o que pode ser uma alternativa à geração distribuída.
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