Após o recorde de vendas e instalações de sistemas de energia fotovoltaica observado em 2022, e com a entrada em vigência do Marco Legal da Geração Distribuída no dia 07/01 deste ano, entre outras questões macroeconômicas como a troca do governo, alta dos juros e menor acesso ao financiamento, as vendas de sistemas de energia solar despencaram no primeiro semestre de 2023.
Antecipando esse cenário, a Horizonte Soluções Inteligentes em Energia, empresa integradora de Belo Horizonte, Minas Gerais, e especializada em sistemas de geração distribuída para indústria, comércio e agronegócio, voltou suas atenções para projetos com foco no Mercado Livre de Energia.
Fundada em 2017 pelas engenheiras Bárbara Rodavalho e Sheyla Santiago, ambas com experiência prévia no setor elétrico-industrial, a empresa mudou seu modelo de negócios, atraiu investidores e deve aumentar o faturamento anual em 150% e contratar mais 15 funcionários.
“Recebemos o aporte de R$ 70 milhões de um investidor e estamos nos preparando para a instalação de sete usinas GD, totalizando 15 MW. Estamos animadas, porque temos projetos para dois anos. E tudo isso graças a virada de chave”, explica a CEO e responsável pela área comercial da Horizonte Soluções Inteligentes de Energia, Sheyla Santiago.
A virada de chave para investir no Mercado Livre
“Nossa primeira prospecção no Mercado Livre de Energia foi em 2021, mas no ano passado, quando percebemos o cenário desafiador para o segmento, sabíamos que precisávamos nos reinventar e, mais do que isso, assegurar nosso lugar no mercado, abrindo outras frentes de trabalho”, comenta Santiago.
Temendo a volatilidade do mercado, a empresa criou um plano de negócios com foco em geração de energia no Mercado Livre para pequenas, médias e grandes empresas, além de procurar investidores para estabelecer parcerias. “Na modalidade de leasing a economia fica na casa dos 5%, depende do contrato do ML e, com investimento próprio, estamos falando de uma economia na casa de 20% a 30%”, relata a executiva.
Economia e foco no ESG por parte das grandes empresas
“Percebemos também que, especialmente para as grandes empresas, mais do que a economia na conta de luz, há uma busca recente de adequação às melhores práticas ambientais e sociais tratadas no ESG [Enviromental, Social and Governance ou, em tradução livre, Ambiental, Social e Governança]. Essas grandes empresas já estão bem estabelecidas e o foco não é necessariamente o retorno financeiro, mas estarem em concordância com as exigências comerciais e ambientais”.
Exemplo disso é um projeto entregue pela Horizonte para a Vale, que foi contratado pela SNC Lavalin para a expansão do campo de minério Serra Sul Corpo C, no Pará. Trata-se de um projeto conceitual, formado por várias usinas em galpões somando aproximadamente 2,3 MW.
Além da instalação para autoprodução nos clientes, a Horizonte também executa projetos de zero-grid para clientes indicados pelo Grupo BC Energia, que conta com 50 usinas em operação e é uma das maiores comercializadoras independentes do centro-oeste.
Primeiro tracker SolarGik será instalado em Esmeraldas, Minas Gerais
A empresa também é especializada em Sistemas MLPE (Module-Level Power Electronics, ou eletrônica de potência no nível do módulo, em tradução para o português) e trabalha essencialmente com projetos off-grid (desconectados da rede elétrica das concessionárias) com sistemas com potências de 1 MW a 2 MW da Solar Edge e microinversores APSystems.
Com o entusiasmo por novas tecnologias, a empresa será a primeira no Brasil a utilizar os trackers da startup israelense SolarGik, recentemente adquirida pela SolarEdge, em uma nova usina de 1,4 MW em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Pós-venda e serviços adicionais
Uma das lições aprendidas pelas empreendedoras com o Mercado Livre de energia foi a necessidade de manutenção das instalações fotovoltaicas. Nos contratos de instalação há uma cláusula onde é exigida a manutenção dos equipamentos para garantir a melhor performance da usina.
Por isso, a empresa passou a oferecer serviços adicionais de manutenção, em um pacote de 12 meses, composto por três limpezas dos módulos por ano, além de manutenção elétrica, que contempla a verificação termográficas dos módulos, inspeção elétrica, limpeza das ventoinhas dos inversores, transformador. O custo é dividido no boleto do cliente. Outra prática recorrente da empresa é monitorar a geração dos sistemas dos clientes.
A equipe técnica acompanha semana a semana todas as usinas instaladas e reporta aos clientes caso haja uma alteração preocupante na performance do sistema. A Horizonte também oferece seguro solar de um ano como cortesia para os clientes, mas depois desse período fica a cargo do consumidor renovar ou não a franquia.
Santiago destaca a importância cada vez maior do seguro solar nos sistemas, que é também mais uma fonte de receita recorrente. “Percebemos que algumas seguradoras não acionam os clientes para renovação do seguro solar e agora também ficamos responsáveis por essa renovação e ganhamos um percentual. Sabemos como o seguro é importante. Tivemos um cliente que depois de quatro anos da usina em operação, o transformador queimou. A gente tinha transformador em estoque e trocamos para ele em dois dias, mas ele não estava mais segurado porque ninguém havia entrada em contato. Depois de ele ter renovado o seguro, teve sua usina assaltada e levaram todos os cabos, toda a parte elétrica e danificaram o inversor. Seria um prejuízo de R$ 50 mil caso ele não tivesse o seguro em dia”.
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