Um grupo de pesquisa internacional usou modelos quantitativos para analisar dados sobre o fluxo de ferro, cobre, alumínio e outros metais preciosos na cadeia de valor da infraestrutura de energia renovável,da fonte ao destino de uso final, para revelar tendências e riscos potenciais.
O estudo encontrou uma desigualdade crescente nas pegadas de metal, que são definidas no documento como o total de minérios incorporados nas cadeias de valor de energia renovável. Os autores disseram que esse tipo de desigualdade pode “impedir a transição para as emissões líquidas zero e as ações de mitigação de mudança climática” e que há uma urgência “para estabelecer uma cadeia de suprimentos verde e eficiente de metais para fornecedores upstream [países fornecedores dos metais] bem como instaladores de energia renovável downstream para uma transição justa no setor de energia em todo o mundo.”
Observando que a quantidade de metal usada na infraestrutura de energia renovável aumentou 97% no período de dez anos de 2005 a 2015, os autores do artigo examinaram o fluxo de metais em sete cadeias de valor, incluindo solar, solar térmica, oceânica, eólica, hídrica, bioenergética e geotérmica.
Eles desenvolveram um modelo de entrada-saída multirregional e um modelo de decomposição da cadeia de valor que permite a análise da atividade para regiões do mundo e países individuais. Eles obtiveram dados do Exiobase, um conjunto de dados usado que estima emissões e extrações de recursos pela indústria, desenvolvido por um consórcio de institutos de pesquisa em projetos financiados pelo quadro de programas de pesquisa europeus.
Os cientistas encontraram desequilíbrios nas cadeias globais de valor estudadas e os atribuíram à contínua terceirização da demanda de metais para o setor de energia renovável para economias em desenvolvimento. “As economias desenvolvidas ocupam os segmentos de ponta da cadeia de valor de energia renovável, enquanto alocam atividades de produção intensivas em metais (mas de baixo valor agregado) para economias em desenvolvimento”, afirmaram, observando que algumas economias estão contribuindo com uma quantidade considerável de metais de suas reservas para atender à demanda externa, mas têm apenas um benefício econômico mínimo.
Os acadêmicos apresentaram suas descobertas no artigo “Rastreando pegadas de metal por meio de cadeias de valor de energia renovável global”, publicado na Nature Communications. O grupo de pesquisa é composto por cientistas da Universidade Shandong da China, da Universidade Fudan, da Universidade Guangxi e da Academia Chinesa de Ciências (CAS), bem como da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
“Nossos resultados indicam que a estrutura comercial pode ser modificada para mitigar o risco de fornecimento de metal e a desigualdade de consumo ao longo das cadeias globais de valor de energia renovável (RPVCs) entre as economias”, concluíram. “Economias desenvolvidas dependentes de importações podem ajustar a distribuição de bens comercializados para fontes eficientes em metais”.
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