O olhar para o longo prazo é o que pode incentivar a continuidade do desenvolvimento de projetos solares centralizados no Brasil. Isto porque o cenário atual não é dos mais favoráveis para o fechamento de novos negócios e início de implantação de usinas. O crescimento esperado da geração solar centralizada para este ano é puxado por projetos que foram negociados a cerca de dois anos.
Em 2023 o volume de instalações anuais de usinas solares de grande porte deve atingir o maior valor do histórico, com 4,6 GW.
“A gente acredita que o Brasil vai crescer e que esse crescimento deverá ser suportado por energias renováveis, já que não faz sentido crescer dependendo de energia a gás, por exemplo. O que poderia tornar investimento de projetos mais atrativo é efetivamente uma caída do capex, que já está caindo, mas ele tem a tendência cair um pouco mais. E ou o preço da energia subir. Esses são os dois pontos que provavelmente vão nortear a viabilidade do investimento”, disse vice-presidente do conselho de administração da Absolar, Marcio Trannin, à pv magazine.
Atualmente, a energia de fonte renovável está sendo negociada no mercado livre a R$ 126/MWh em contrato de quatro anos com fornecimento a partir de 2024, de acordo com o pool de contratos monitorado pela Dcide. A título de comparação usinas contratadas em leilões no ano passados venderam energia a R$ 175/MWh no ano passado. Mas a demanda dos leilões é cada vez menor.
Além disso, para Trannin, o fim dos descontos de 50% nas tarifas de uso do sistema de transmissão e de distribuição, é mais um fator que deve pressionar os geradores a aumentar o custo da energia.
O desconto ainda é válido para os projetos que solicitaram outorga até 02/03/22, que têm até 48 meses para entrar em operação – ou seja, até o início de março de 2026, para o caso mais extremo. A partir de então, os geradores precisarão incorporar os custos nos preços.
Abertura total do mercado livre
A gradual abertura do mercado livre, que começa com todos os consumidores da alta tensão já a partir de 2024 e deve abarcar todos os consumidores de energia, incluindo os da baixa tensão, a partir de 2028, é um sinal positivo para a expansão no longo prazo.
“Isso provavelmente vai levar a um aumento do preço de energia porque hoje esses consumidores pagam hoje R$ 1.000/MWh, R$ 900/MWh e vão ter acesso a energia um pouco mais barata quando saírem desse guarda-chuva da distribuidora. Então eu acho que aí é o momento que você pode ter uma boa tendência a equilibrar bastante os preços de mercado, fazendo com que o Mercado Livre chegue a preços mais atraentes para viabilizar a expansão de renováveis via solar e eólica”, diz o executivo.
Essas contas serão provavelmente reunidas sob a representação de comercializadores varejistas, que vão fazer a gestão dos contratos pelos consumidores de menor porte.
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