Após vender projetos de energia eólica em operação para a AES, a Cubico retornou ao país com a aquisição do projeto Sobral, de 1 GW, no Ceará. Solar é a tecnologia mais rápida e eficiente para se iniciar uma nova plataforma de investimentos em renováveis no país, avalia o diretor da companhia no Brasil e América Latina, Francisco Moya.
Nesta entrevista à pv magazine, ele diz que a intenção é que o projeto esteja pronto para iniciar a construção entre o final de 2023 e o início de 2024, quando a companhia deve fechar os principais contratos de serviços e equipamentos.
O investimento no projeto não foi revelado, mas considerando a estimativa da Absolar de que 10 GW instalados neste ano demandarão R$ 50 bilhões, o investimento em 1 GW seria da ordem R$ 5 bilhões. Projetos de geração centralizada, porém, têm economia de escala e acesso à financiamento competitivo.
Por que a Cubico tomou a decisão de investir pela primeira vez em um projeto solar no Brasil?
No Brasil, nossos desenvolvimentos iniciais em energia renovável foram através da energia eólica, principalmente. Estavam aí os principais fornecedores eólicos e os investidores e desenvolvedores estavam focados principalmente no vento. Ultimamente, temos visto mais apoio à energia solar no Brasil e há o recurso [fotovoltaico] e a terra. Todos os ingredientes para que a energia solar tenha importante papel na geração do país.
Também vendemos nosso portfólio eólico recentemente para a AES. Então, para acelerar o crescimento de uma nova plataforma no país, pois sempre foi interesse dos acionistas ter presença no Brasil a longo prazo, consideramos a solar mais rápida e mais eficiente, no curto prazo, na fase de desenvolvimento.
Claro, também estamos analisando investimentos antigos em eólica, tanto greenfield quanto brownfield, e continuaremos investindo em eólica no futuro. Mas, por enquanto, estamos focando na energia solar por esses dois motivos. Vemos muito crescimento em energia solar no futuro próximo e para o Cubico acelerar em uma nova plataforma no país, a energia solar é mais rápida e fácil.
Por que a Cubico decidiu se desfazer de seus ativos eólicos?
Fazia parte de uma estratégia de rotação de capital dos nossos acionistas, que acontece de tempos em tempos. Decidimos desinvestir para criar valor com a venda. Isso foi concluído em novembro do ano passado, então foram duas fases, na verdade, em 2021, concluímos a venda de dois ativos para a AES e, em seguida, tínhamos três ativos restantes que foram vendidos também para a AES em novembro do ano passado. Como eu disse, isso faz parte de uma estratégia de rotação de capital. Mas temos o apoio e o interesse de permanecer no Brasil a longo prazo. É por isso que adquirimos este projeto solar para criar uma nova plataforma de raiz no país.
Você mencionou o início de uma nova plataforma renovável para a empresa no Brasil. Já existem outros projetos em andamento?
Sim, temos outros projetos greenfield em andamento, tanto solares quanto eólicos. Claro, nosso foco será principalmente deixar o projeto de Sobral pronto para construção. Mas temos outros projetos em andamento, greenfield em energia solar, mas também algumas aquisições estratégicas de brownfield para as quais iremos dedicar algum tempo da equipe de M&A no futuro próximo.
É uma combinação de coisas quando você avalia a aquisição de um projeto. Com terreno, interligação e recurso solar criamos a base para um projeto e aí é necessário analisar os potenciais preços de capex e também de financiamento. A decisão de investir acontece quando a combinação desses fatores no projeto entrega um retorno adequado.
A Cubico já iniciou a negociação da energia do projeto Sobral?
Isso ocorrerá à medida que avançamos para a fase de desenvolvimento. Como estamos chegando perto da fase de ready to build, vamos acelerar as discussões com o comprador para fechar PPA’s de longo prazo e isso faz parte da nossa estratégia para os nossos investimentos. Estamos agora focados em obter a outorga dos projetos e também as pendências de licenciamento necessárias para que este projeto seja viável a médio prazo.
A ZEG, que era a proprietária anterior do projeto é nossa parceira na fase de desenvolvimento bem como também na comercialização da energia. Eles são uma empresa de comercialização, e têm outros investimentos no setor.
Qual é o cronograma do projeto?
O cronograma é que entre o terceiro trimestre e o quarto trimestre o projeto estará pronto para construção. Então, esperamos que no final do ano ou no início do ano que vem, seja o momento de fecharmos os principais contratos com os fornecedores.
Também dependerá da velocidade de obtenção das licenças pendentes, incluindo a outorga e algumas outras. Como é habitual neste tipo de investimentos greenfield, normalmente depende de terceiros para conceder todas as licenças. Nossa estimativa é que até o final do ano o projeto tenha tudo o que é necessário para passar para a construção.
O investimento estimado em Sobral foi divulgado?
É um projeto ainda em desenvolvimento e vemos volatilidade também no preço do capex. Então, quando estivermos quase prontos para construir, será o momento de fazer um pedido formal de proposta de EPCs, negociar os principais componentes do projeto. Claro que estamos em contato com o mercado e podemos ter um preço provisório hoje, mas como vemos certa volatilidade, o preço pode subir ou descer muito rapidamente. Vai depender, quando o projeto estiver pronto para construir, então será a hora de fechar o modelo em termos de financiamento e também EPC. Por enquanto, estamos nos concentrando no desenvolvimento para obter o licenciamento pendente.
A Cubico está voltando ao Brasil, mas também entrou no mercado colombiano de energia renovável em 2022. Como a companhia está atuando na região?
Na América Latina, temos uma presença além do Brasil, no Uruguai com quatro parques eólicos em operação. Somos o maior produtor de energia renovável independente do país, além da estatal.
Temos presença também na Colômbia, com duas plataformas, uma delas é uma plataforma solar, com desenvolvimento de capacidade de 1 GW nos próximos anos. Temos cerca de 200 MW de projetos operacionais, outros 200 MW a 300 MW em construção e a capacidade restante em desenvolvimento.
E a outra plataforma na Colômbia é de linhas de transmissão e subestações, que também são importantes para os países desenvolverem e expandirem sua capacidade de energia verde. As duas plataformas têm parceria com a Celsia, uma das maiores concessionárias da Colômbia.
Você vê oportunidades de investir em linhas de transmissão no Brasil também?
No Brasil, as linhas de transmissão não fazem parte do escopo principal da Cubico. Estamos mais focados em geração. Claro, haverá algumas oportunidades no país [neste segmento]. Mas por enquanto no Brasil estamos focando apenas na geração.
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