A frota de veículos híbridos e elétricos com baterias deve ultrapassar 1 milhão de unidades em 2030. O valor corresponde apenas a 2,12% do total de 47 milhões que a frota brasileira de veículos leves deve atingir no período, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). As principais barreiras para a popularização dos veículos elétricos (VE) são o custo e o desempenho das baterias, infraestrutura de recarga e o preço dos veículos.
Além disso, para promover uma transição energética de sua matriz de transporte, o Brasil aposta no desenvolvimento de combustíveis sustentáveis e de baixo carbono, via Rota 2030 e Programa Combustível do Futuro.
O país não sofre as mesmas pressões para eletrificar rapidamente sua frota por ser pouco dependente de importações de energia, não disputar a liderança tecnológica, ter a disponibilidade e a disseminação de biocombustíveis e não ter a mesma demanda emergencial por redução da poluição local como outros mercados. A avaliação é que o Brasil pode aguardar o desenvolvimento da indústria global antes de se comprometer com metas.
Apesar disso, novas políticas de incentivo e pressão sobre as empresas podem criar um ambiente de oportunidades para os veículos elétricos no país. Na América Latina, há exemplos de países como o Chile que determinou que, a partir de 2035, 100% das vendas de veículos leves e de ônibus no país sejam de modelos elétricos. Equador, Costa Rica e Colômbia são outros países que estabeleceram metas de participação nas vendas para os VEs.
Planos de mobilidade urbana nas cidades devem levar a crescentes restrições às emissões e à circulação de veículos poluentes em áreas urbanas, principalmente em metrópoles.
Além disso, empresas estão sendo pressionadas a reduzir suas emissões devido a compromissos ESG, impostos pelo mercado financeiro e consumidores. E as empresas com alto consumo podem adquirir energia elétrica diretamente no mercado livre, o que pode tornar o veículo elétrico mais competitivo em relação ao custo de combustíveis. Para consumo de menor porte, a geração distribuída pode reduzir ainda mais a pegada de carbono da empresa, potencialmente reduzindo também o custo de abastecer veículos elétricos.
Mercado potencial
As vendas de VEs devem ser inicialmente limitadas ao mercado premium, segundo a EPE, e às camadas da população com maior poder aquisitivo. Em 2021, foram licenciados 120 mil veículos (6,5% do licenciamento total de 1,8 milhão) considerados premium (preço acima de R$200 mil). Enquanto um carro do tipo sedã de luxo com combustão custa em média R$ 140 mil, o equivalente híbrido custa R$ 180 mil e o elétrico, R$ 250 mil.
Recuperação do mercado
Para as projeções, a EPE considera uma volta do crescimento do PIB per capita ao longo do próximo decênio. O crescimento de setores como o extrativo e o agronegócio, além da volta dos setores de serviço e construção civil, são indutores do crescimento
O crescimento da renda, a tendência a juros reais comedidos e a reposição da frota atual devem resultar na recuperação dos licenciamentos de veículos no Brasil, ultrapassando o valor máximo registrado em 2012, de 3,6 milhões, já em 2027, chegando a 4,7 milhões em 2032.
Infraestrutura de recarga concentrada em SP
A empresa de pesquisa identificou que há 1.252 pontos de recarga no Brasil, sendo quase a metade, 588, em São Paulo.
As estimativa foi publicada no caderno Eletromobilidade, parte dos estudos do Plano Decenal de Expansão da Energia (PDE 2023).
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